Eugénio da Fonseca considera que os portugueses enfrentam um "drama social" quando têm de deixar os familiares no hospital. O antigo presidente da Cáritas responsabiliza os políticos
Corpo do artigo
Até 19 de março deste ano, mais de 2,3 mil camas dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estavam ocupadas por doentes que continuam internados, porque não têm para onde ir, sendo que este é o valor mais alto de sempre.
Em declarações à TSF, o presidente da Confederação Portuguesa de Voluntariado, Eugénio da Fonseca, responsabiliza os políticos para esta questão, existe uma "falha política" ainda assim "há um investimento que o Estado faz na vertente clínica", mas depois de concluído "não há a articulação devida com a parte social" e por isso acredita que o Estado vai "continuar a gastar menos" no que toca aos "termos de permanência dos hospitais em ocupação de camas que podiam ficar livres para que outros que estão muitas vezes nos corredores dos nossos hospitais".
O ex-presidente da Cáritas disse que espera que com os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não se cometam os erros do passado, visto que estes "têm uma amplitude enorme de se poder investir", todavia assume que muitas das vezes só se olha para situações que envolvem a "vida dos cidadãos quando as estatísticas gritam mais alto".
Eugénio da Fonseca assegura ainda que se fosse possível colocar os familiares dos utentes a falar com o governo, o país estaria perante um "drama social", dado que, "as pessoas não querem os seus familiares nos hospitais, mas não têm condições habitacionais" e "garantias que todos os centros de saúde tenham uma prestação de serviços ambulatórios", acrescenta.
Os internamentos sociais representaram, em março deste ano, 11,7% do total de internamentos nos hospitais públicos, com um custo estimado anual para o Estado que pode ultrapassar os 288 milhões de euros, mais 28 milhões do que no barómetro anterior.
