"Intervenção de 71 quilómetros." Projeto de despoluição do rio Leça arranca no início do próximo ano
O investimento de quatro milhões de euros, aprovado no âmbito do programa europeu "REACT", vai não só para a limpeza da linha de água, mas também para "monitorizar o rio" e "controlar os focos de poluição".
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No início do próximo ano vai arrancar o projeto de despoluição do rio Leça, que atravessa quatro municípios do distrito do Porto, tem 48 quilómetros de extensão e já foi considerado um dos mais poluídos da Europa.
Este ano foi aprovada, no âmbito do programa europeu "REACT", uma verba de quatro milhões de euros para aplicar na limpeza e na melhoria deste espaço, obra que esteve na origem da criação da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça, que tem como objetivo devolver este rio aos habitantes.
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É a primeira associação do país criada com o objetivo de despoluir um rio, um projeto que une os municípios de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos. Artur Branco, diretor da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça, explica à TSF que, no âmbito do programa europeu "REACT", a associação conseguiu quatro milhões de euros para usar até ao final de 2023.
"Temos um projeto de execução para a limpeza e despoluição das margens do rio Leça e alguns afluentes", adianta Artur Branco, explicando que "apesar do rio só ter 48 quilómetros, vamos intervir em duas margens e em alguns afluentes principais do rio Leça" e, por isso, é uma "intervenção de 71 quilómetros em quatro lotes distintos, ou seja, quatro frentes de obra simultâneas". "Esperamos que em janeiro ou fevereiro do próximo ano estejamos com obra no terreno."
O investimento vai além da limpeza da linha de água, mas também "a sua parte ecológica, o seu ecossistema, proporcionar meios e locais para a biodiversidade poder acontecer e servir toda a área metropolitana".
"Estes quatro milhões são para limpar o rio, monitorizar o rio e esperamos nós ainda conseguir criar uma estrutura de sondas fixas para monitorizar o rio em contínuo, que era algo que em muito nos ajudaria a controlar os focos de poluição", afirma.
Artur Branco explica que o rio Leça, apesar de atravessar uma zona "altamente densa", mantém a biodiversidade.
"Ainda há pouco tempo, o nosso fotógrafo da associação encontrou lontras a percorrer as margens na Maia, uma zona já altamente densa", conta, sublinhando que "já existe alguma capacidade do ecossistema para ter biodiversidade e é nisso que queremos trabalhar".
O objetivo é devolver à população aquele que já foi considerado um dos rios mais poluídos da Europa.
"Queremos que o rio Leça seja um rio muito mais vivido do que era nas décadas anteriores em termos de qualidade da água contínua, biodiversidade e um espaço de referência para toda esta área metropolitana."
O projeto de despoluição do rio Leça tem que estar terminado até ao final do próximo ano.