Investigação a um dos vários acidentes do verão pede mudanças à forma como são alugados aviões e helicópteros para combater incêndios florestais, num ambiente de "elevado risco".
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O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) aconselha a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) a reavaliar a forma como contrata meios aéreos para combater fogos. Em causa estão os vários acidentes, seis, que aconteceram no último verão envolvendo aviões e helicópteros ao serviço do Estado.
No último relatório em que avalia um desses acidentes, ocorrido a 4 de setembro na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, o GPIAAF sublinha "o elevado número de acidentes e incidentes" ao serviço da ANEPC com as seguintes causas comuns: equipamentos usados com tripulações e operações que não seguem métodos "padronizados".
No caso deste helicóptero que caiu durante uma descolagem o piloto, brasileiro, pensava estar a operar um modelo diferente daquele que realmente pilotava pois raramente voava nesta aeronave - segundo a investigação, foi essa a origem do acidente.
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O foco das empresas contratadas pelo Estado para ter as aeronaves disponíveis é cumprir o contrato assinado com a ANEPC, levando os pilotos a depararem-se com um "ambiente novo e com uma equipa nova" que "podem ter contribuído para o desvio da atenção das ações essenciais de pilotagem da aeronave".
O relatório sobre o acidente também acrescenta que "é também reconhecido que em situações de pressão, em que há um excesso de exigência de recursos cognitivos, o ser humano reverte para um modo de funcionamento automático recorrendo ao conhecimento que está mais cimentado na sua memória pela experiência que, neste caso, o conduziu a executar uma ação que tem por base o modelo mental de outra configuração de aeronave".
O GPIAAF recomenda à empresa Helibravo, que alugou este helicóptero ao Estado para combater fogos, que "assegure que todos os seus pilotos estão devidamente treinados e conhecedores dos equipamentos que operam, as suas diferenças e particularidades, em especial nas aeronaves que gozam do estatuto de reforço de frota", uniformizando a sua frota de aeronaves.
A recomendação para a proteção civil nacional avisa a ANEPC que seria "benéfico" reavaliar "o modelo de disponibilização anual de meios aéreos, contribuindo para uma melhoria dos níveis de segurança operacional desta atividade de trabalho aéreo com elevado risco".