Investigação vai avaliar efeitos das alterações climáticas na vida no Atlântico Norte
Dados vão ser recolhidos ao longo de, pelo menos, dez anos e Portugal está nesta rede internacional, com 11 sensores colocados por toda a costa.
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Arranca em outubro uma rede de investigação para avaliar como se comporta a vida no Atlântico Norte, perante as alterações climáticas em curso. O projeto consiste em quase três mil sensores que vão ser distribuídos ao longo da costa, mais concretamente em 85 praias rochosas, desde o Algarve até à Escócia. Um projeto orientado pelo biólogo Rui Seabra, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO).
"É como se estivéssemos a pegar no telemóvel e a tirar uma fotografia desde o chão até à nossa altura e agora fossemos pegar numa nave e ver o planeta todo. O que se pretende aqui é precisamente essa grande visão, tanto no espaço como no tempo, porque a ideia é sobreviver e, provavelmente, perdurar para além de uma década", explicou à TSF o biólogo Rui Seabra.
Os dados vão ser recolhidos ao longo de, pelo menos, dez anos e Portugal está nesta rede internacional, com 11 sensores colocados por toda a costa.
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"Nos Açores, por exemplo, vamos ter pelo menos uma ilha por grupo. Na Madeira, provavelmente, vamos ter todas as ilhas, com sensores na Madeira, em Porto Santo, nas Desertas e, inclusivamente, nas Selvagens, que são um ponto muito importante e icónico de Portugal", afirmou o investigador do CIBIO.
Rui Seabra espera, com este projeto, vir a recolher pistas sobre, por exemplo, o que vai acontecer no mar português.
"Em termos de zona costeira, Portugal está num ponto absolutamente incrível e importante de estudar a nível mundial por causa das nossas nortadas e da água excecionalmente fria que temos na costa para a latitude em que estamos. Isso significa que, por exemplo, no norte de Portugal e Galiza temos comunidades, na zona entre marés, que são muito mais semelhantes ao norte da Europa do que propriamente ao norte de Espanha ou ao sul de Portugal", acrescentou Rui Seabra.
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Um projeto com grandes objetivos de longo curso e de longa duração que valeu a Rui Seabra o prémio Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, no valor de 300 mil euros.