Investigações sobre o cancro e a Parkinson dão Prémio Maria de Sousa a cinco jovens

Cinco jovens serão esta terça-feira distinguidos com o Prémio Maria de Sousa por investigações relacionadas com as doenças de Parkinson e cancro. Este prémio, da responsabilidade da Ordem dos Médicos e da Fundação Bial, foi criado em homenagem à imunologista e investigadora Maria de Sousa e pretende apoiar jovens investigadores portugueses, na área das ciências da saúde, com idade inferior ou igual a 35 anos.

Na área do cancro, um dos vencedores deste prémio é Catarina Lopes, do Instituto Português de Oncologia do Porto. A investigadora quer perceber se uma simples amostra de saliva pode ser suficiente para detetar cancro gástrico.

"O objetivo final é disponibilizar uma opção não invasiva e custo-efetiva, capaz de orientar decisões clínicas, particularmente na identificação de indivíduos a priorizar para endoscopia diagnóstica", pode-se ler no resumo do projeto a que a TSF teve acesso.

Ainda na investigação oncológica, Ângela Fernandes, do instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, quer desenvolver uma vacina para combater o cancro colorretal. "O cancro colorretal está entre os cancros mais incidentes e letais no mundo, não havendo, de momento, um tratamento eficaz para todos os doentes. Embora as imunoterapias tenham emergido como estratégias promissoras no tratamento oncológico, a sua eficácia permanece limitada em
tumores sólidos, representando um desafio clínico relevante", sublinha a investigadora.

Já Bruna Meira, da Fundação Champalimaud, quer compreender melhor porque é que as pernas dos doentes com Parkinson param. "É um dos sintomas motores mais incapacitantes na doença de Parkinson, que compromete a autonomia e aumenta o risco de quedas", lembra a investigadora. Bruna Meira pretende investigar quais os mecanismos cerebrais que levam a este fenómeno, com a esperança de que os resultados "possam orientar estratégias de estimulação mais precisas e personalizadas, com impacto direto na prática clínica e na qualidade de vida dos doentes com Parkinson".

Diogo Carneiro, o único homem entre os cinco premiados, vai investigar um ângulo ainda pouco falado sobre a Parkinson. O investigador do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, vai estudar as alterações do sistema nervoso simpático, nomeadamente no sistema cardiovascular ou até nas respostas emocionais, que por vezes se alteram devido à doença. O objetivo é encontrar novas formas de tratar estes sintomas

Outro dos premiados é Neuza Domingues, do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, da Universidade de Coimbra, que estuda o lisossoma. No fundo, a investigadora vai estudar a forma como o lisossoma comunica com o núcleo, chamado organelo. O envelhecimento das células está diretamente direcionado com a perda de comunicação entre lisossoma e o organelo e, por isso, Neuza Domingues, quer saber mais sobre esta ligação. "No futuro, a caracterização destas interações abrirá oportunidades terapêuticas para doenças do envelhecimento", descreve a investigadora.

Miguel Castelo-Branco, membro do júri, sublinha, em declarações à TSF, que o prémio é importante porque o "sistema científico nacional é precário no financiamento da investigação, as entidades oficiais não têm um calendário de financiamento previsível e isso torna a vida muito difícil, sobretudo para os jovens investigadores e também é muito importante porque não há assim tanto investimento para a investigação clínica". O júri adianta que o prémio tem sido um "sucesso" com cada vez mais candidaturas.

A cerimónia de entrega do Prémio Maria de Sousa vai acontecer no dia 4 de novembro, 15h30, na Ordem dos Médicos, em Lisboa.