"Investimentos sairão mais baratos do que os prejuízos." Zero alerta para "montanha-russa" das alterações climáticas
Em declarações à TSF, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, considera "fundamental reduzir as emissões de gases com o efeito de estufa" e apela a "que se passe à prática e à implementação"
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O presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, afirma que estamos numa “montanha-russa” para a qual temos de estar preparados. Para isso, defende, é preciso passar das palavras às ações e investir em políticas ambientais, uma vez que essas despesas vão sair mais baratas do que enfrentar os efeitos das alterações climáticas.
Um relatório conjunto do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do programa da União Europeia Copernicus (C3S) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado esta terça-feira, indicou que quase metade da Europa registou temperaturas recordes anuais em 2024 e que em 60% do continente houve mais dias do que a média com pelo menos “stress térmico forte” devido ao calor. Segundo o estudo, quase um terço da rede fluvial registou grandes cheias que ultrapassaram pelo menos o leito de inundação, tendo as tempestades e inundações causado no mínimo 335 mortes e afetado cerca de 413.000 pessoas.
“É fundamental reduzir as emissões de gases com o efeito de estufa. A Europa ainda não anunciou como devia as suas metas de redução para 2040 e, no caso de Portugal, temos planos ambiciosos, mas com muito por fazer, nomeadamente no setor dos transportes”, explica à TSF Francisco Ferreira.
O ambientalista alerta que Portugal ainda não tem "muitos dos planos obrigatórios pela lei do clima, planos municipais e regionais de ação climática". "Mas nós sabemos o que afeta cada um dos municípios. Precisamos de passar à prática, à implementação e perceber que é preciso gastar dinheiro e fazer esses investimentos já, porque isso sairá mais barato em relação aos prejuízos que, não tenhamos dúvidas, infelizmente, vamos ter de lidar num futuro próximo”, sublinha.
A associação ambientalista Zero divulgou, esta terça-feira, um manifesto para as eleições legislativas de 18 de maio, onde propõe a criação de uma unidade independente que analise os custos e benefícios ambientais das políticas públicas. O documento "visa mobilizar partidos políticos, decisores públicos e a sociedade civil para a urgência de uma transição estrutural em Portugal", integrando "a sustentabilidade como elemento estruturante das políticas públicas em todas as áreas de governação".
"Perante os desafios globais sem precedentes e o agravamento das múltiplas crises que afetam o ambiente, a economia e o tecido social, a Zero propõe um novo modelo de desenvolvimento assente numa Economia do Bem-Estar, centrada no bem comum, na igualdade e no respeito pelos direitos das gerações futuras e pelos limites do planeta", sustenta, em comunicado, a associação.
No total, são cerca de 200 as propostas da Zero, distribuídas por 11 áreas: financiamento da transição, energia e alterações climáticas, transportes, ordenamento do território, ambiente urbano, economia circular, água e oceano, conservação da natureza, agricultura e alimentação, florestas, e no plano internacional.