IP3. Fernando Ruas acusa Governo de fazer "obra para ver se cala cidadãos onde menos faz falta"
Em declarações à TSF, o autarca de Viseu confessa ter saído desiludido da reunião com o Ministério das Infraestruturas.
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O presidente da comunidade intermunicipal de Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, lamenta que o Governo tenha optado por fazer obras de requalificação no troço do IP3 que menos precisa.
"A reunião sinceramente foi uma desilusão. Nós levávamos uma proposta que tinha resultado de uma reunião que houve já há algum tempo entre as duas CIM [comunidades intermunicipais] envolvidas no IP3 - Coimbra e Viseu-Dão-Lafões - com todos os municípios do IP3 e levámos uma proposta de solução que previa pôr aquela quatro vias. Nem sequer falámos que queríamos autoestrada. Naturalmente era aquilo que mais nos interessa. Queríamos, no mínimo, um perfil de autoestrada. Aquilo que nos foi dito foi que iriam rapidamente - parece que era uma grande notícia - por a concursos o troço que está em melhor estado. É aquele que apresenta menores problemas, entre Viseu e Santa Comba Dão", explica o também presidente da câmara de Viseu à TSF.
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Segundo Fernando Ruas, a justificação dada pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, é haver dinheiro e projeto para aquela obra: "Para as outras não tem, pelos vistos."
Para o autarca, o troço entre Viseu e Coimbra é muito mais prioritário.
"Eu regressei há pouco de Lisboa. Só tive problemas em atravessar a zona de Penacova e a zona da barragem da Aguieira. Portanto, nós dizemos que é necessário pôr aquelas vias, mas comecem por aquelas que fazem falta de facto. Para nós termos a certeza que alguma vez vamos ter entre as duas maiores cidades portuguesas do interior, uma estrada digna. Porque ali circulam veículos especiais todos os dias, ligados à saúde, à proteção civil. São carros sensíveis. É desta estrada que estamos a falar. As duas maiores cidades do interior, que distam 80 quilómetros, e que às vezes demora uma hora e meia a fazer. Isto não tem nenhum sentido. E o Governo assobia para o lado. Vai fazer a obra. Vai fazer a obra para ver se cala os cidadãos onde ela menos faz falta", afirma.
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O projeto para a via tem tido atrasos devido a problemas de impacto ambiental e Fernando Ruas critica as limitações.
"Há uma questão de impacto ambiental que impede de fazer uma circular que obriga a que o atual traçado vá pelo mesmo sítio. Eu já era presidente da câmara quando morreram 14 pessoas num acidente de autocarro onde não se pode andar a mais de 40 km/h, mesmo com a estrada requalificada. Isto não é tolerável", considera.
O IP3 atravessa seis concelhos - Coimbra, Penacova, Mortágua, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu -,
nos distritos de Coimbra e Viseu, com impacto na área das duas Comunidades Intermunicipais.