IPO já recebem doentes para cirurgias prioritárias canceladas noutros hospitais
Agravar da pandemia levou Governo a cancelar cirurgias prioritárias.
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Os três centros do Instituto Português de Oncologia (IPO) que existem no país - em Lisboa, Porto e Coimbra - já começaram a receber doentes com cirurgias prioritárias canceladas noutros hospitais por causa do agravamento da pandemia.
Em causa está um despacho da Ministra da Saúde que há pouco mais de duas semanas decidiu que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deviam começar a adiar as cirurgias prioritárias, transferindo as oncológicas para os hospitais especializados em cancro.
O presidente do IPO de Lisboa, João Oliveira, sublinha, à TSF, o "notável" trabalho e resposta das equipas que dirige que têm recebido doentes de vários hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, num processo.
No IPO do Porto, o presidente Rui Henrique também confirma as transferências e acrescenta que a quebra de novos doentes com cancro detetados no último ano deu alguma margem para diminuir os tempos e listas de espera, permitindo que exista hoje "uma maior capacidade" de resposta.
Também o IPO de Coimbra confirma que depois do despacho da Ministra tem recebido doentes que tinham cirurgias agendadas para outros hospitais da Região Centro.
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Menos 3.500 novos doentes referenciados em 2020
Os responsáveis dos IPO confirmam, igualmente, que 2020 foi um ano atípico e no IPO do Porto houve mesmo uma descida de 17% nos novos doentes referenciados - menos 1.800 diagnósticos na comparação com 2019 -, algo que segundo o seu presidente está longe de ser uma boa notícia.
Rui Henrique explica que "qualquer pessoa a par da epidemiologia do cancro sabe que não há quebras de 17% num ano motivadas por quebras nos fatores de risco..." O problema está a montante, ou seja, "no facto de haver uma diminuição de atividade nas áreas que fazem a primeira abordagem do doente, ao nível dos cuidados primários e de outras estruturas de saúde, o que faz com que exista uma diminuição efetiva dos doentes identificados com cancro".
Para o IPO de Lisboa também foram encaminhados, em 2020, menos 1.600 novos doentes do que no ano anterior, com o presidente a destacar a quebra abrupta dos casos enviados pelos centros de saúde (-22%).
João Oliveira refere, contudo, que depois da triagem habitualmente feita pelo IPO de Lisboa dos casos referenciados o número de novos doentes efetivamente tratados acabou por ficar muito próximo daquele que se tinha registado no ano anterior, "o que mostra que, na verdade, apesar da quebra na referenciação dos centros de saúde, os doentes que verdadeiramente precisavam dos cuidados do hospital especializado acabaram mesmo por vir".
Entre os três IPO do país, Coimbra foi o que teve a menor quebra no número de novos doentes referenciados em 2020, numa descida de apenas 1,6%, o que significa menos 122 pacientes num ano.
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