Uma em cada quatro pessoas que recorreram a instituições de solidariedade social, em 2014, dizem que passaram fome pelo menos uma vez por semana indica um estudo realizado em 216 instituições.
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Segundo o estudo, promovido pelo Banco Alimentar contra a Fome e pela Entreajuda, cerca de 20 por cento dos 1.889 utentes de instituições sociais inquiridos afirmaram ter tido falta de alimentos ou sentido fome "alguns dias por semana" nos seis meses anteriores e 13 por cento referiu que tal aconteceu "pelo menos um dia por semana".
Apesar disso, o estudo assinala que os dados recolhidos em 2014 e 2015 revelam uma melhoria na situação alimentar destes utentes relativamente a 2012 (26 e 14 por cento respetivamente), quando tinha sido realizada a última edição deste trabalho, iniciado em 2010.
Ainda assim, 26 por cento dos utentes referiu que tinha passado um dia inteiro sem ingerir quaisquer alimentos por falta de dinheiro, percentagem que em 2012 era de 39 por cento.
A percentagem de utentes que recorreu à ajuda das instituições de solidariedade social (51 por cento) mantém-se ao mesmo nível de 2012 e o apoio alimentar, na forma de cabazes ou refeições, foi a principal área em que os inquiridos receberam ajuda (87% dos casos).
Os inquiridos no estudo são na sua maioria desempregados (38%) ou reformados (29%), com uma média de idades de 53 anos, e na maioria casados ou a viver em união de facto (43 por cento).
Em 66 por cento dos casos havia uma ou duas pessoas desempregadas no agregado familiar, que eram constituídos em média por três pessoas.
Relativamente à situação económica, em 52% dos agregados familiares, o rendimento mensal era igual ou inferior a 400 euros (25% das famílias ganhavam menos 250 euros, 28% entre 251 e 400 euros, 20% entre 401 e 500 euros e 28% mais de 500 euros), dados que se mantêm em relação a 2012.
Os dados do estudo permitem perceber uma "ligeira melhoria das condições de vida dos indivíduos ou pelo menos da perceção que estes têm acerca daquelas".
Em 2010, cerca de 72% dos inquiridos dizia sentir-se pobre, dois anos depois tal situação foi apontada por 82% e em 2014 o valor é de 79%.