Viagens são feitas em embarcação movida a energia solar e já são as preferidas dos turistas. Este tipo de visita está disponível apenas para o sítio arqueológico do Fariseu.
Corpo do artigo
A possibilidade de ir ver as gravuras do Côa num barco alimentado a energia solar está a ter grande sucesso entre os turistas. Esta modalidade foi implementada neste verão e complementa as visitas que são feitas em veículos todo-o-terreno. Se, por um lado, permite chegar mais rápido, por outro, é mais amiga do ambiente.
A embarcação eletrossolar faz a viagem entre um cais junto ao sítio da Canada do Inferno, ao lado do paredão da ensecadeira da barragem que foi cancelada para se poderem preservar as gravuras rupestres, e outro no sítio do Fariseu. São 20 minutos de viagem para cada lado.
O barco é conduzido por António Jerónimo. É uma viagem silenciosa em que o guia mais antigo do Parque Arqueológico do Vale do Côa aproveita para falar das aves que ali podem ser vistas. Destaca a cegonha preta que "é o ex-líbris do vale e a ave mais rara que ali nidifica", bem como "uma das mais ameaçadas a nível global". Mas também o papa-figos, os grifos, os milhafres, os pombos bravos e muitos mais.
TSF\audio\2023\07\noticias\03\eduardo_pinto_visitas_em_barco_as_gravuras_do_coa
Quando o barco chega ao Fariseu já lá está a guia Graziela Casal, que começa por explicar a antiguidade do que ali se vê. "Gravuras do Paleolítico Superior datadas dos 40 mil até aos 10 mil anos antes do presente", salienta, embora as que mostra aos turistas estejam situadas no período "entre os 25 mil e os 10 mil anos antes do presente".
A visita vai decorrendo ao longo de hora e meia, até que no último painel de gravuras, Martim Agostinho, de 12 anos, mostra à guia Graziela que a lição está quase aprendida. "Aqui está um bode ou uma cabra", atreve-se. Ela franze o sobrolho. "Tens a certeza? Olha que eu acho que é capaz de ser um auroque (antepassado selvagem do boi)". A seguir, Martim acerta na pergunta. "Muito bem! Acho que já podes ficar comigo!", brinca ela.
O irmão de Martim, Lucas, de 19 anos, diz que valeu a pena descer ao vale do Côa porque "é uma vantagem poder ver as gravuras propriamente ditas, em vez de estar a ver réplicas, como as que existem no Museu do Côa, por exemplo.
Para Ana Teresa Leitão, de Sintra, a visita ultrapassa a expectativas. Esta professora de Filosofia assume que a visita às gravuras contribui para alimentar a sua "sede de querer saber mais" e de querer "perceber a origem de tudo". Já o marido, David Silva, valoriza a viagem amiga do ambiente. Por isso diz "concordar a 100%" com a modalidade de visita em barco eletrossolar.
Além do aspeto ambiental, Aida Carvalho, presidente da Fundação Côa Parque, destaca a "economia de tempo" da visita ao Fariseu, já que a que é feita no barco dura uma hora em meia enquanto se fosse feita em veículo todo-o-terreno "cada visita duraria quatro horas".
As viagens em barco eletrossolar às gravuras do Côa são feitas de terça-feira a domingo, três por dia, durante uma hora e meia, e têm um custo de 16 euros por pessoa. Em agosto poderão ser feitas quatro viagens por dia.