Para o líder do PSD, as alterações propostas pela esquerda parlamentar podem mudar orçamento "para pior", considerando mesmo "irrealistas" as ideias do PCP. Para militantes, Rui Rio lembra governação Sócrates e espera que o país não esteja a repetir os mesmos passos.
Corpo do artigo
Não é todos os dias que o nome de José Sócrates está patente no discurso do PSD, mas é com o fantasma da antiga governação socialista que levou ao resgate do país que Rui Rio acena numa análise à proposta de Orçamento do Estado para 2021.
Numa sessão online promovida pela distrital de Lisboa do PSD, o presidente do partido falou durante cerca de uma hora daquelas que considera ser as fragilidades da proposta orçamental do governo. Em suma, repetiu tudo o que disse quando anunciou o voto contra, mas foi além nas críticas.
Falando por várias vezes de "tiques socialistas" e em "orçamento de distribuição", Rui Rio nota que concorda com muitas das chamadas medidas sociais anunciadas pelo governo, mas nota que são precisos alguns critérios no desenho de medidas como estas.
"Eu concordo com tudo, nenhum de nós discorda do que quer que seja", começa por realçar Rui Rio questionando "se o país tem condições para dar tudo ao mesmo tempo ou se estamos a repetir o que aconteceu no tempo do Engenheiro Sócrates e a seguir temos de pagar mais caro".
"Isto que estou a dizer não é nada popular dizer-se, é do mais impopular que há, mas tenho de ser sério. Espero não vir num futuro próximo a ter muita razão sobre isto porque se tiver muita razão sobre isto é sinal que o país está numa situação muito mais complicada do que aquela em que já vai estar", vaticina Rui Rio.
Mas as críticas não ficam por aqui e, já no final da sessão, dispara à esquerda parlamentar. Lembrando que a proposta não será a mesma "porque terá algumas alterações de especialidade", Rui Rio diz temer que a mudança seja "para pior" devido às negociações à esquerda.
"O Bloco de Esquerda já só está em condição de reivindicar umas coisitas, o Partido Comunista está neste momento com um poder brutal de poder impor isto e aquilo. Esperamos que não imponha o impossível e não tenhamos aqui uma crise brutal por força das revindicações irrealistas do Partido Comunista", conclui Rui Rio.
Já sobre propostas próprias de alteração na especialidade, o líder social-democrata não apresentou nenhuma, lembra apenas que o partido já tem vindo a disponibilizar na internet e a tornar públicas as opções que tomaria. No caso, Rio lembra que a aposta deve ser, nesta altura, a de apoiar as empresas para aguentar o emprego.
Para o líder social-democrata, este devia ser um orçamento focado em aliviar a carga fiscal sobre empresas e sobre a classe média, com um apoio à capitalização das empresas e de redução da burocracia fiscal.