ISCTE mantém "posição pioneira" e preenche todas as vagas, Universidade do Porto lidera procura e destaca "excelência"
À TSF, a reitora do ISCTE e ex-ministra da Educação destaca a escola de Sintra. Já o reitor da Universidade do Porto sublinha que os alunos procuram cada vez mais a formação em engenharia e inteligência artificial
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O ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa destacou este domingo ter sido a única universidade que esgotou as vagas na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior, enquanto a Universidade do Porto realçou a liderança no índice de procura.
No dia em que são conhecidos os resultados do concurso nacional de acesso ao ensino superior, o ISCTE afirma em comunicado que as 1516 vagas dos cursos do campus de Lisboa e das 10 licenciaturas na Escola ISCTE - Sintra foram todas preenchidas, algo que é motivo de orgulho para a reitora e ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
"Só em Sintra, aumentámos 40% o número de vagas. No ano passado tínhamos 234 e este ano tivemos 320, é um aumento muito significativo de vagas em Sintra. No global do ISCTE tivemos um aumento de 10% de vagas. Somos a instituição que mais aumenta as vagas e ainda assim mantemo-nos numa posição pioneira, que é o preenchimento total de todas as vagas que abrimos", explica à TSF Maria de Lurdes Rodrigues, destacando a escola de Sintra. "Nasceu do zero, com cursos inteiramente novos, localizada na Área Metropolitana de Lisboa, com mais de dois milhões de habitantes que não tinham oferta formativa de Ensino Superior e os cursos são um êxito", afirma.
Apesar de haver mais alunos a entrarem na Universidade, o número de candidatos diminuiu - é menos 1,3% do que no ano passado. Maria de Lurdes Rodrigues afirma que o país tem de fazer mais com os adultos e com os que não chegam ao Ensino Superior.
"No ISCTE entraram ainda muito alunos provenientes das cotas dos maiores de 23 e todas as instituições de Ensino Superior tinham de ter uma estratégia para atrair ainda mais alguns que não tiveram oportunidade no seu tempo. Os adultos, pessoas que estão a trabalhar, não tiveram oportunidade de estudar e necessitam de estudar, e os jovens que terminam o secundário e que não prosseguem estudos. O país precisa que eles prossigam os estudos e eles também precisam - podem não ter essa consciência, podem as famílias não ter as condições para o fazer -, mas esse é o desafio que o país enfrenta: garantir que mais jovens que terminam o secundário se candidatam e que há uma oportunidade para os adultos que no seu tempo não estudaram", considera.
Desta forma, o ISCTE não terá vagas para a segunda fase do concurso. A par do Instituto, só três instituições de ensino superior esgotaram todas as vagas: as escolas superiores de enfermagem de Coimbra, Lisboa e Porto.
"O ISCTE continua a afirmar-se como uma escola excecional para os alunos da licenciatura, sendo procurada, ano após ano, por estudantes de todo o país", salienta a reitora Maria de Lurdes Rodrigues, citada no comunicado.
"A maioria dos estudantes colocados escolheu os cursos do ISCTE como primeira opção", observa ainda o instituto.
Já a Universidade do Porto (UP) refere numa nota que o seu curso de Engenharia Aeroespacial é o que tem a nota de acesso mais elevada nesta primeira fase do concurso nacional (19,45 valores). A Universidade do Porto considera assim que lidera o "índice de procura", que mede a percentagem de primeiras escolhas dos estudantes.
Além de ter a licenciatura com a nota mais alta, a UP tem seis cursos nos melhores 10, nomeadamente Engenharia Aeroespacial, Inteligência Artificial, Engenharia e Gestão Industrial, Arquitetura e Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e na Faculdade de Medicina, revela. "Este é o resultado do esforço conjugado de toda a comunidade académica para atingir a excelência", afirma o reitor António de Sousa Pereira citado na mesma nota.
Em declarações à TSF, o reitor António Sousa Pereira sublinha que os alunos procuram cada vez mais a formação em engenharia. "Cada vez mais há um predomínio da procura por cursos da área de engenharia, em particular da Engenharia Aeroespacial, que, em boa verdade, nos 25 primeiros cursos em termos de notas de acesso tem quatro cursos. O primeiro curso em termos de nota é o curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade do Porto e o último colocado tem 19,45, o que é uma coisa excelente", afirma.
Ao contrário do que se possa pensar, as saídas profissionais para engenheiros aeroespaciais também existem em Portugal, graças a parcerias com a Universidade. "Temos parcerias com a Airbus, temos uma série de parcerias com empresas que trabalham ligadas a isto. A própria Airbus tem neste momento atividade em Portugal em termos de produção e, portanto, isto é atrativo. Agora, o que é importante é que estes jovens vão ficar com uma formação multifacetada, que lhes vai dar acesso a empregos em múltiplas áreas de engenharia de ponta, estejam elas ligadas à aviação ou não", explica António Sousa Pereira.
Outra área com muita procura no Porto é a da inteligência artificial, cursos que começam a surgir no país. "Nos primeiros cinco cursos, três são de Engenharia Aeroespacial, um é de Matemática Aplicada e outra de Inteligência Artificial e Ciência de Dados e, portanto, começa também a haver a perceção de que a inteligência artificial e a matemática, hoje em dia, são áreas de importância crescente na nossa sociedade. Isso traduz-se também nas escolhas que os nossos jovens fazem, o que também é um bom sintoma, porque significa que eles estão a ver muito bem a realidade da nossa evolução atual, em que a inteligência artificial e os dados têm uma importância cada vez maior nas nossas vidas, mesmo quando nós não damos por isso", sublinha.
Estas áreas de formação acabam por ser vítimas do seu próprio sucesso devido à falta de professores. A competição entre empresas e universidades estrangeiras é feroz e o reitor da Universidade do Porto admite que não é fácil ter docentes para lecionar com este grau de exigência.
"Neste momento, temos alguma dificuldade em captar e reter talento para a ciência e para a investigação nestas áreas, que são áreas em que a competição que vem da indústria é muito grande e por causa dos salários que são pagos, quer a nível nacional, em que temos a competição das empresas dentro do nosso país, que é muito grande, quer a nível internacional, em que muitos destes jovens acabam por ir parar a países terceiros, onde lhes oferecem salários que no nosso país são impensáveis", acrescenta.
Mais a norte, com 1.561 candidatos colocados a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) preenche 91,7% das 1.702 vagas em aberto. Registaram-se ainda 1.390 candidatos que escolheram a academia transmontana como primeira opção para frequentar o Ensino Superior.
"A UTAD volta a apresentar um excelente resultado, evidenciando a consolidação deste destino universitário em patamares muito elevados, o que só aumenta a nossa responsabilidade", afirma o reitor Emídio Gomes em comunicado.
Ainda a norte, a procura dos cursos da Universidade do Minho "voltou a ser muito elevada, tendo atingido um resultado histórico com o preenchimento 99,1% das vagas disponíveis na instituição", salienta.
A sul, 1.530 novos estudantes foram colocados na Universidade do Algarve (UAlg), mais sete alunos do que em 2023.
A academia algarvia indicou que a taxa de ocupação subiu de 94,2% para 94,9%, integrando o grupo de instituições que não registaram redução do número de estudantes colocados em relação ao ano anterior.
"É o quinto ano consecutivo que tal se verifica, sempre com taxas de colocação superiores a 90%, o que traduz um elevado grau de ajustamento da oferta à procura dos estudantes", lê-se numa nota.
Segundo a UAlg, dos 45 cursos oferecidos pela academia para o próximo ano letivo, 34 ficaram com a totalidade das vagas preenchidas na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior.
Dos 58.301 jovens que se candidataram, 49.963 asseguraram já um lugar no ensino superior, mais 1,1% em relação à mesma fase do concurso realizado no ano passado, apesar da ligeira diminuição do número de candidaturas, revelam dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação.
