Isolamento e alterações do sono: psicólogos alertam para sintomas apresentados por vítimas de bullying
O estudo sobre o bullying nas escolas é apresentado esta segunda-feira pela ministra da Juventude e Modernização e pelo ministro da Educação
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A bastonária da Ordem dos Psicólogos admite que o número de jovens que dizem já ter sido vítimas de bullying (6%), num inquérito realizado nas escolas, pode ser resultado de uma maior consciencialização do fenómeno e da sua maior denúncia, em relação ao passado.
Os resultados do estudo, que foram adiantados esta segunda-feira pelo jornal Público, serão apresentados esta segunda-feira pela psicóloga e professora catedrática do Ispa – Instituto Universitário, Manuela Veríssimo, que coordenou o grupo de trabalho criado em setembro pelo Governo para fazer um diagnóstico do problema e propor medidas concretas. No inquérito participaram mais de 31 mil alunos entre os 11 e os 18 anos.
A bastonária da Ordem dos Psicólogos, Sofia Ramalho, explica que um aluno que é vítima de bullying na escola começa a ter determinados comportamentos a que é preciso estar atento.
“O tipo de sintomatologia que as vítimas podem apresentar pode passar por um maior isolamento relativamente aos colegas da turma, até à [menor] participação nos próprios recreios, mas também se pode traduzir em atitudes de maior agressividade ou alterações no padrão de sono ou alimentação”, argumenta, em declarações à TSF.
Sofia Ramalho defende que, para lidar com estas situações, a escola deve ajudar os alunos a desenvolverem competências sociais e emocionais para melhor conseguirem gerir conflitos.
”Pode passar por desenvolver competências de assertividade, autonomia e afirmação”, adianta. No seu entender, esse desenvolvimento de competências passa também por envolver professores e assistentes operacionais.
“Também é cada vez mais importante trabalharmos com aqueles que assistem - os espectadores destas situações de bullying -, quer o façam do ponto de vista presencial ou cibernáutico”, considera.
São jovens que muitas vezes gravam em vídeo as agressões e as difundem nas redes sociais. Ao invés, a psicóloga considera que estas pessoas devem começar a ter outra atuação e “a serem incentivadas a tomar uma atitude assertiva de denúncia das situações”.
Sofia Ramalho defende também que as escolas criem canais de denúncia eficazes. “Há jovens que não querem ficar expostos e muitas vezes não recorrem às denúncias porque elas não ativam respostas e não garantem a sua proteção e segurança”, assegura.
No inquérito nacional, 1837 jovens num universo de 31.133 participantes, ou seja, 5,9% afirmou já ter sido vítima de bullying. A maior parte são raparigas e a maioria dos agressores rapazes.