"Isto nem tem nome." Autarca de Vila Franca de Xira acredita que morte de 16 gatos teve "mão humana"
O caso já está a ser investigado pelo Ministério Público, que agora aguarda o resultado das autópsias realizadas aos animais
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Dois funcionários do Centro de Recolha Oficial de Animais de Vila Franca de Xira encontraram no domingo 16 gatos mortos nas instalações municipais. Para o presidente desta câmara, não há dúvidas de que houve mão humana na morte destes animais.
O caso só foi tornado público na terça-feira, quando o IRA - Grupo de Intervenção e Resgate Animal - denunciou o caso nas redes sociais. Na altura, foi levantada a hipótese de os cães terem atacado os gatos, já que a porta estava aberta, mas Fernando Ferreira, o autarca de Vila Franca de Xira, garante que não foi isso o que aconteceu.
"Por algumas razões que nos parecem muito estranhas, os gatos apareceram mortos, todos dentro do espaço do gatil. Se tivesse sido uma coisa fortuita de entrada de algum cão, alguns teriam saído. E, portanto, tem de ter havido aqui uma vontade humana de fazer uma coisa destas que nem tem nome. É totalmente inesperado, quer dizer, nem nos passa para a cabeça uma coisa destas", conta, em declarações à TSF.
O autarca, que relata ainda que nenhum dos cães tinha marcas "de luta", nem vestígios de sangue, não acredita "que aquilo seja obra nem do acaso de as portas estarem abertas, nem de um ataque daqueles cães em concreto".
"Ainda por cima, aquela parte do canil que estava aberta é uma zona onde se encontram maioritariamente ou cachorros pequenos ou animais de já muito idade, que não têm o mesmo grau de mobilidade e estariam com restos de sangue ou de luta e nenhum tinha", explica.
O caso já está a ser investigado pelo Ministério Público, que agora aguarda o resultado das autópsias realizadas aos gatos pela Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa.
"Nós enviámos para a Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa para fazer uma autópsia, uma necropsia, enfim, é um nome técnico, mas uma autópsia também para se perceber exatamente o que é que se terá passado. Porque eles não estavam todos com sinais do mesmo tipo de razões de morte. Portanto, há aqui um conjunto de coisas que é preciso identificar", insiste.
A líder do PAN revelou também à TSF estar a acompanhar este caso com "muita preocupação" e lamenta que estes animais tenham sido "mortos de uma forma ainda inexplicável". Inês Sousa Real pede por isso uma "investigação cabal" e que sejam "apuradas as responsabilidades" para este ato que considera "absolutamente cruel".
"Esperamos que haja, de facto, aqui uma investigação cabal do que se passou, que sejam apuradas as responsabilidades e que, identificando-se quem é que praticou este ato absolutamente cruel, por gratuitamente ter promovido a morte destes animais, que seja efetivamente não só acusado, mas também responsabilizado penalmente, porque, recordo, a lei atualmente prevê que este tipo de atos constitui um crime de maus-tratos a animais de companhia, aqui com elevada perversidade e com circunstâncias agravantes", defende.
A TSF já contactou a veterinária municipal, que terá descartado a hipótese de envenenamento ou ação humana, segundo fonte da GNR adiantou ao jornal Público, mas, até ao momento, não obteve qualquer resposta.