Jerónimo de Sousa acusou o líder do PSD de "tentar capitalizar" a polémica de Tancos. Rio respondeu esta manhã em ação de campanha no Fundão.
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A bomba de Tancos rebentou em plena campanha e mudou drasticamente o rumo do discurso em todos os partidos. O fogo cruzado entre Rui Rio e António Costa estende-se agora ao PCP e Bloco de Esquerda. Depois de esta manhã no Fórum TSF Jerónimo de Sousa ter acusado o presidente do PSD de "tentar capitalizar esta situação", e, "à falta de melhor", usar esta "jogada eleitoralista", Rio pronuncia-se sobre a postura do comunista.
O líder do PCP "tem dificuldade em lidar com isto porque não tem a consciência tranquila face ao que os seus deputados fizeram" na comissão de inquérito ao furto do armamento militar de Tancos, ao aprovar "um relatório que estava objetivamente longe da verdade", disse em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à multinacional francesa ALTRAN, no Fundão.
"A posição do PS é incomoda face à Tancos, porque são os primeiros responsáveis, mas a posição do BE e PCP e não é nada nada cómoda porque aprovaram um relatório na comissão de inquérito que procura lavar mais branco toda esta situação."
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Depois de esta quinta-feira ter anunciado que o partido tenciona pedir a convocação da comissão permanente da Assembleia da República, o presidente do PSD concretizou que o vai fazer "ainda hoje ou na segunda-feira".
"Teimoso nos princípios"
Já sobre as as declarações de António Costa, que acusa Rio de mudar de princípios em dois dias e, o social-democrata reitera o que defendeu esta quinta-feira: para dizer o que disse, Costa não deve ter percebido as suas palavras.
"A postura que António Costa teve ontem... Eu até admito que não tenha ouvido o que eu disse a tarde e o tenham induzido em erro. Foi completamente absurdo e descontextualizado." Talvez pelo "nervosismo" que a acusação do Ministério Público trouxe à campanha, Costa possa ter-se "sentido empurrado a comentar".
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"Se há característica minha é não só não ter mudado de princípios, como ser quase teimoso e ter uma fidelidade total aos meus princípios.", afirmou o líder do PSD, repetindo que não interferiu "minimamente" na questão judicial, limitando-se a questionar politicamente o líder do PS.
"Onde é que está aqui a componente judicial e a quebra de ética e de princípios? Não está em lado rigorosamente nenhum", defendeu.
Questionado se não está a ferir o princípio de presunção de inocência ao partir do princípio que Azeredo Lopes sabia do encobrimento, Rio responde que ele próprio "não está a dar nenhuma sentença": "Está um SMS no processo com ele a dizer que sabia".
Além disso, as declarações que fez nesse sentido nunca incidem sobre a eventual "responsabilidade criminal do professor Azeredo Lopes", nem se este tinha "muita culpa, pouca culpa ou nenhuma culpa".
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O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi esta quinta-feira acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação no "caso de Tancos" e proibido do exercício de funções. O Ministério Público acusou no total 23 arguidos no caso do furto e da recuperação das armas do paiol da base militar de Tancos.
Os arguidos foram acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.