"Quebrar o gelo" em mandarim. GNR volta à escola para aprender uma nova língua
Para facilitar a comunicação com a comunidade chinesa, militares do Destacamento de Matosinhos da GNR estão a aprender mandarim na Universidade do Minho.
Corpo do artigo
Na Zona Industrial de Varziela, em Vila do Conde, estão radicados cerca de 1.500 cidadãos chineses e a GNR quer não só conhecer a cultura como aproximar-se desta comunidade. Durante três meses, duas horas por semana, 12 militares da GNR de Matosinhos sentam-se nos bancos de uma sala de aula.
A formação resulta de uma parceria com o Instituto Confúcio da Universidade do Minho. Tiago Pacheco, comandante do Destacamento de Matosinhos da GNR diz que o objetivo é quebrar uma barreira linguística.
TSF\audio\2019\05\noticias\13\rute_fonseca_gnr_a_aprender_mandarim
"A Guarda no caso do Destacamento de Matosinhos tem à sua responsabilidade o município de Vila do Conde e tem no norte uma das maiores comunidades chinesas do país. Acompanhamos esta comunidade há muitos anos e verificamos que existe uma dificuldade de comunicação devido ao diferencial cultural entre a comunidade chinesa, principalmente por causa da barreira linguística, mas também por questões culturais distintas e que importa aos profissionais da Guarda compreendem a cultura para depois poderem estabelecer comunicação."
A zona industrial de Varziela, em Vila do Conde, é conhecida como a 'Chinatown' portuguesa e muitas vezes, por causa das dificuldades de comunicação, geram-se equívocos.
"O presidente da Liga dos Chineses em Portugal já reconheceu isso, falhas de comunicação e isso levanta problemas. As primeiras gerações a chegar a Portugal têm maior dificuldade em comunicar, mas as gerações que já nasceram em Portugal também são acompanhadas por nós através do projeto Escola Segura. A partir destes conseguimos acompanhar e sensibilizar esta comunidade."
As aulas de mandarim são dadas por uma professora chinesa que só fala inglês.
Emília Dias é coordenadora do projeto chinês nas escolas do Instituto Confúcio da Universidade do Minho. "O objetivo principal é dar a conhecer o povo chinês, a forma de pensar, de viver, ou seja, uma aproximação cultural. É importante dominar vocabulário básico para quebrar o gelo numa possível aproximação."
No final dos 3 meses de curso os militares da GNR serão capazes de comunicar em mandarim. "Apresentam-se, dizem a profissão, etc. O maior desafio é a oralidade, o chinês exige alguma prática, não sou treinar o ouvido mas falar para melhorar os sons e os tons, que são diferentes dos nossos".
O aluno Sérgio Neto, faz parte do Destacamento de Matosinhos da GNR, conta que sempre teve curiosidade em aprender mandarim e quando surgiu a oportunidade não hesitou.
"O maior desafio são os carateres, conseguir entender o que cada palavra significa. É uma formação muito interessante, quer pela valorização pessoal quer porque permite estar mais próximo da comunidade chinesa e dos turistas que são cada vez mais."
A ideia de aprender mandarim teve como origem a comunidade chinesa da Varziela, em Vila do Conde. Tiago Pacheco, comandante do Destacamento de Matosinhos da GNR, explica que "a escolha aconteceu porque é uma comunidade muito grande. Não distinguimos nem sublinhamos qualquer tipo de crime em especial, estatisticamente não está conotado com nada. O crime acontece em todo o lado".
A formação em mandarim termina no final de maio, o Destacamento de Matosinhos da GNR admite voltar a repetir a iniciativa.