O candidato presidencial João Ferreira quer um serviço público de cultura e afirma que é preciso acabar com a precariedade do setor e a sua distribuição desigual no país.
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João Ferreira contou, na última noite, com o apoio de vários artistas nacionais, de diferentes quadrantes da cultura, para juntos sublinharem a desvalorização da cultura e do património cultural português. Exemplos como a atriz Maria João Luís, que abriu o serão com poesia de Manuel Gusmão, ou de Luís Varatojo, vocalista dos Despe e Siga, que deu também voz à mensagem de luta da cultura.
A ambos se juntaram outros depoimentos de crise de vários setores da cultura: cinema, teatro ou literatura. Pedro Vieira, escritor, foi um deles e deixou claro que a sua decisão de apoio foi tomada com base "na escolha de "Cristinas", pois, por um lado, poderia ter um candidato que liga às "Cristinas" dos programas da manhã ou podia ter um candidato que se interessa pelas "Cristinas" que são assediadas no seu local de trabalho ou que sofrem bullying nas corticeiras e que têm em pessoas como o João alguém que quer ouvi-las".
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Maria João Luís tem 40 anos de carreira e, confessa, ainda leva uma vida profissional precária. "Tenho perto de 40 anos de carreira e, desde aí até hoje, vivo a instabilidade e a precariedade desta profissão, sem saber se depois deste projeto ou do que vou fazer amanhã terei dinheiro para continuar a ter uma vida digna e a alimentar os meus filhos", confessa.
A atriz deposita esperanças em João Ferreira, que acusa o Estado de desvalorizar a cultura e o património cultural e pede que se crie um serviço público de cultura. Neste Serviço Público de Cultura, João Ferreira quer liberdade de criação para os artistas nacionais, evitando que as artes de palco vivam em precariedade e que haja uma distribuição desigual no país. "Deverá ser um garante do acesso de todos a toda a cultura, com superação de desigualdades sociais e geográficas no acesso à cultura, e que dará aos trabalhadores da cultura seguras condições de estabilidade e de desenvolvimento do seu trabalho", assegura.
A este serviço público de cultura deve estar afeto um financiamento justo, com um patamar mínimo de 1% do Orçamento do Estado. Um serviço público deste género, na opinião do candidato João Ferreira, limitaria também a abertura às grandes produções internacionais, evitando que mais companhias e produtoras nacionais fechassem portas.