João Ferreira sobre polémica com procurador. "Notória trapalhada, infeliz e desnecessária"
No frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato apoiado pelo PCP confrontou o atual Presidente com o aumento do salário mínimo e a eutanásia.
Corpo do artigo
Sobre a polémica na Justiça e na indicação do procurador João Guerra ao conselho da União Europeia para procurador europeu com informações falsas no currículo, Marcelo Rebelo de Sousa, no frente a frente com João Ferreira, candidato do PCP às presidenciais, esta noite na TVI, garantiu que tentou reunir informações junto de António Costa, afirmando que o Presidente da República não pode exonerar um ministro sem uma posição do Primeiro Ministro.
TSF\audio\2021\01\noticias\04\19_miguel_midoes_debate_mrs_jf
Já o candidato do PCP, João Ferreira refere que é a imagem de Portugal que está em causa.
Uma "notória trapalhada, infeliz e desnecessária", é a forma como João Ferreira vê os problemas com a indicação de João Guerra para procurador europeu. "Há aspetos que precisam ainda de ser explicados. Sem prejuízo da ida da senhora ministra da Justiça à Assembleia da República, acho que o Presidente da República pode e deve ter aqui um papel na procura deste esclarecimento", acrescenta.
O candidato do PCP considera também que é a imagem de Portugal que está em causa e reitera que o Presidente da República deve procurar esclarecer a situação junto do governo. Já Marcelo Rebelo de Sousa, o também candidato, mas presidente da República, garante que já pediu explicações. "Obviamente já procurei saber. A resposta que foi dada pelo senhor primeiro-ministro foi a de que mantém a confiança na ministra".
13194681
Salário mínimo injusto, "mas o possível"
Salário mínimo nacional e a eutanásia foram outros dos principais assuntos em cima da mesa, no frente a frente desta noite entre Marcelo Rebelo de Sousa e o João Ferreira, o candidato apoiado pelo PCP. João Ferreira quer um aumento maior do ordenado mínimo para favorecer o mercado interno e que se trata de uma necessidade em tempos de pandemia. Já Marcelo Rebelo de Sousa garante que aprovou o valor atual à revelia da vontade das confederações patronais, e que é o valor possível.
635 euros não é um valor razoável e justo para o candidato apoiado pelo PCP, João Ferreira. "Quem faz as contas permanentemente para chegar ao final do mês com 600 euros líquidos ou menos do que isso, não achará este um valor razoável, ou justo". O candidato não considera que o problema resida apenas no valor do salário mínimo e refere que se trata de "um problema dos salários em geral".
De acordo com o candidato comunista, um maior aumento do salário mínimo poderia relançar o mercado interno. Marcelo Rebelo de Sousa até reconhece que a subida não foi a ideal, mas foi a possível. "Fica aquém daquilo que o PCP defendeu, mas a hotelaria esteve parada, a restauração quase parada", lembra o atual PR. "O facto de ter havido um aumento do salário mínimo, contra a vontade das confederações patronais, que eu aprovei, não é o ideal, mas é o possível", justifica.
João Ferreira é contra um referendo sobre a eutanásia
No debate, ainda houve tempo para João Ferreira confirmar que não é a favor de um referendo sobre a eutanásia, mas que como PR respeitaria uma decisão do parlamento.
Enquanto presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa espera receber o diploma da eutanásia ainda este mês e não está pressionado por recebê-lo em cima da campanha eleitoral.
No momento final, João Ferreira quis saber o que Marcelo fez para promover a igualdade entre homens e mulheres e na proteção aos mais jovens, por exemplo no acesso à educação ou à cultura. Marcelo Rebelo de Sousa questionou João Ferreira sobre quais os grandes desafios da presidência portuguesa do conselho europeu, que agora começou. O candidato apoiado pelo PCP sublinhou o futuro e a reforma da Política Agrícola Comum. Considera que é importante garantir que a agricultura nacional não saia a perder com esta reforma.