O socialista Jorge Coelho não gostou das palavras de Rui Rio sobre o 'cavaquistão' e deixou críticas à direita. Já António Costa, aproveitou a localização do comício para deixar promessas ao interior do país.
Corpo do artigo
Jorge Coelho trouxe animação e força à campanha do PS, em Viseu, num comício na Praça da República, ao contrário dos "partidos que se enfiaram dentro de instalações fechadas" e que não tiveram a "coragem de vir à praça central de Viseu dizer aquilo que lhes vai na alma".
Estava dada a primeira tacada na direita, mas haveria mais, bem mais, num longo discurso em que Jorge Coelho apelou à memória do povo e revelou sentir-se "insultado" quando se referem ao distrito como 'cavaquistão'. "Não nos chamem nomes, nós somos viseenses. Não há cá 'cavaquistão' nenhum", atirou.
TSF\audio\2019\10\noticias\02\19_miguel_midoes_2_comicio_viseu
O ex-ministro socialista referiu-se a António Costa como o "homem que concebeu uma estratégia que muitos diziam que era impossível" e questionou se "estamos no momento de voltar para trás, de nos metermos em aventuras, em magias", frisando que "prometer tudo a todos é fácil, o que é mais difícil é cumprir".
Jorge Coelho usou um dos grandes chavões da campanha eleitoral do PS e salvaguardou que o partido "cumpriu os compromissos com os portugueses" e que foram até conseguidas "contas certas, mas não à custa do mal-estar e da pobreza, mas fazendo com que portugueses tivessem vida melhor".
O ex-governante recorda que, por exemplo, quando o Governo disse que ia haver aumentos do salário mínimo nacional ao longo dos quatro anos de legislatura a direita 'chamou' o diabo, ninguém acreditava. "O que provocava desgraça era não ter havido a coragem de ter aumentado quase 100 euros no salário mínimo nacional. Nos quatro anos anteriores aumentou dez. Ganhámos 10 a 0, é um bom resultado", brinca, numa metáfora futebolística.
A história de Rio que deixou o comício às gargalhadas
No final do discurso, Jorge Coelho contou a história da noite, com Rio como protagonista e no momento que arrancou mais gargalhadas aos presentes.
O líder do PSD esteve em Lamego, no distrito de Viseu, durante a campanha eleitora, e perante a falta de pessoas no local foi confrontado pelos jornalistas e começou por arranjar uma primeira justificação.
"[Rio] disse 'está pouca gente na rua, concordo, mas eu tenho uma explicação: não sabiam que eu vinha'", contou Jorge Coelho aos presentes. Perante a insistência, continuou o socialista, o presidente social-democrata terá dito "'não tenham dúvidas, se soubessem que eu vinha estava aqui uma multidão'".
E como o melhor fica sempre para o fim, o ex-governante terminou a história: "Viu que nada passava e arranjou a velha desculpa, que foi atacar o António Costa, que é o que mais prazer lhe dá fazer: 'Se calhar não vieram porque pensaram que era o dr. António Costa que vinha a Lamego'."
Jorge Coelho acredita que, apesar da "graça", a atitude de Rio "detona uma certa arrogância a quem dirige um partido com a história do PSD". Assim, depois de todo o enredo numa noite húmida e fria em Viseu, deixa um conselho: "Pense lá um bocadinho, se calhar não estavam mesmo porque sabiam que era o doutor que ia a Lamego."
As promessas ao interior
António Costa aproveitou a presença em Viseu para realçar a necessidade de criar "medidas e soluções concretas" para o interior e para se cumprir "um grande desafio para o país: tornar o interior não um problema mas um grande contributo para Portugal".
As obras no IP3 - que foi visitar na terça-feira - não foram esquecidas, mas também as alterações na ferrovia, a redução das portagens e até o aumento do número de vagas nas universidades e politécnicos do interior. O que está feito, está feito, mas Costa promete uma atenção especial a esta zona do país.
"Não nos podemos conformar, não há nenhuma fatalidade que condene estes territórios", enalteceu, recordando que essa é uma das "maiores desigualdades" que Portugal enfrenta.
Mais ainda, Costa comparou programas eleitorais e garantiu que tem uma ideia diferente para os impostos. "Ao contrário de outros que prometem uma diminuição indiscriminada de impostos às empresas, vamos concentrá-los nos territórios do interior", prometeu, colocando o emprego como prioridade.
Costa contou ainda a história de dona Fernanda, uma mulher que espera ter conquistado nos últimos quatro anos. Nas últimas eleições, o secretário-geral do PS ouviu da dona Fernanda que não ia ter o seu voto por "medo, por receio do que podia acontecer".
"Estou convencido que há quatro anos não votou. Vi-a agora numa gravação e quatro anos depois o país está melhor", frisou, revelando que tem esperança de que a dona Fernanda vá mesmo à urna meter um voto na mãozinha do PS, como tem dito diversas vezes.