
Jorge Sampaio
Filipe Amorim/Global Imagens
"Não devíamos desistir de conseguir incluir o português entre as línguas oficiais das Nações Unidas", defendeu hoje o ex-presidente da República.
Num discurso sobre a promoção Língua Portuguesa no passado, no presente e no futuro, Jorge Sampaio recuperou as palavras ditas pelo próprio, em 2004, para dizer que o país não tem feito o necessário pela internacionalização do português: "Não temos feito tudo o que devemos, nem sequer o que podemos, reforçando ainda a certeza de que é indispensável fazer mais, de forma nova, mais exigente, mais consequente e mais virada para o futuro".
O antigo presidente da República insistiu ainda numa vontade que, entende, deve ser uma realidade: "Não devíamos desistir de conseguir incluir o português entre as línguas oficiais das Nações Unidas. Não temos tempo a perder", frisando tratar-se de um sentido de "urgência".
"Temos de saber que os novos problemas e os novos desafios não se resolvem nem enfrentam com soluções e receitas velhas e vagas", afirmou durante a "Conferência: Português, Língua de Oportunidades", que decorre no Pavilhão de Portugal, em Lisboa, no âmbito das comemorações dos 150 anos do Diário de Notícias.
O antigo chefe de estado critica ainda o que, entende, são vícios que perduram no tempo: "Creio que longas décadas marcadas pelo isolamento e pela propaganda de uma retórica passadista e estreitamente nacionalista nos viciou numa oratória de grandes proclamações às quais, depois, na prática, nada ou pouco corresponde, como se o facto de dizer nos desobrigasse de agir. Provavelmente esse vício ainda não nos abandonou de todo".
No discurso, Jorge Sampaio fez um diagnóstico à promoção do português nos últimos anos, mas lançou ainda pistas sobre o que fazer no presente e no futuro: "Temos de aprender a poupar no que é secundário e gastar bem onde é prioritário investir reprodutivamente", defendendo que é preciso "coordenar melhor, pensar mais integradamente e de não isolar o que é complementar".
O ex-presidente da República afirmou ainda a necessidade de que o português ocupe "um lugar central" na educação escolar e que seja cada vez mais reconhecido a nível internacional: "A afirmação da língua portuguesa é uma missão necessária e vital para nós e para as gerações que nos sucederão.
Nessa missão, a aprendizagem, o ensino, o uso, a renovação e a projeção da língua são fundamentais. Há pois que investir mais na internacionalização da língua portuguesa, como língua da diplomacia, da cooperação e da comunicação global".