Jorge Silva de Carvalho terá sido protegido na investigação

José Luciano de Oliveira foi designado para investigar as fugas de informação para a Ongoing mas no primeiro inquérito não ouviu, uma única vez, o principal protagonista do caso: Jorge Silva Carvalho.

Confrontado pelo Expresso, o director-geral adjunto do SIS explica que não considerou relevante ouvir Silva Carvalho e sustenta que foram as conclusões deste inquérito que abriram caminho à investigação criminal.

O Expresso conta ainda que no dia em que o antigo espião foi ouvido no Parlamento, o número dois do SIS enviou-lhe várias mensagens por telefone. Na primeira tratava Silva Carvalho por «querido amigo», dizendo-lhe que acreditava que se ia iniciar a «clarificação de uma situação triste para as pessoas e para as secretas, eleitas como vitimas a soldo de interesses de chafurdo».

Mais tarde, José Luciano de Oliveira envia um novo recado, apelando à calma e pedindo a Silva Carvalho para não tomar nenhuma iniciativa sem antes falarem com alguém que é identificado como o «animal». Minutos mais tarde, outra mensagem em que informava o antigo espião que o chefe maior ia advertir o «animal» sobre os graves danos.

Nas investigações às fugas de informação, Jorge Silva Carvalho acabou por ser interrogado no âmbito de um segundo inquérito mas o Expresso conta que a audição foi feita de uma forma, no mínimo, original. O número dois do SIS ouviu o antigo colega a sós, tirou notas do depoimento sem gravar ou fazer um auto de declarações oficial. O semanário revela ainda que o interrogatório não foi feito nas instalações do SIS porque José Luciano de Oliveira considerou existir «melindre mediático».

O Expresso avança também que, quando começou a investigação criminal, Júlio Pereira recusou ceder os computadores dos espiões, alegando segredo de Estado, e que só depois da insistência do Ministério Público foi disponibilizada a informação.