O jornal cobria a atualidade do concelho de Santa Maria da Feira
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O Correio da Feira anunciou a sua "suspensão por tempo indeterminado" após 127 anos de atividade. O jornal, que cobria a atualidade do concelho de Santa Maria da Feira, emitiu a sua última edição impressa na quinta-feira.
O fecho é justificado, segundo a administração, pela falta de compra do jornal em papel e pelo aumento da leitura de notícias online. O administrador Jorge Andrade sublinha que esta é a principal razão da decisão que o levou a fechar as portas da redação.
“A fundamental razão para a suspensão do jornal Correio da Feira foi a diminuição dos assinantes e o pouco interesse dos leitores, que até são muitos, em pagarem para lerem as notícias do jornal Correio da Feira. O número de leitores tem aumentado, o interesse pelo jornal aumentou, mas as pessoas não estão interessadas em ir a um kiosk comprar um jornal, não estão interessadas em pagar para ler o Correio da Feira, ou para ler um jornal qualquer porque está tudo disponível. Uma grande parte das notícias mais cedo ou mais tarde estão disponíveis na internet. Alguém que é assinante e partilhe uma notícia do Correio da Feira nas redes sociais, isso faz com que as pessoas não estejam interessadas [em comprar], e também há um desinteresse cada vez maior dos jovens em querer ler notícias.”
Nelson Costa, o diretor do Correio da Feira, não está surpreendido com a decisão administrativa, mas sente-se triste com o desfecho do seu jornal.
“É difícil, sinceramente, foram dez anos primeiro como jornalista e depois como jornalista e diretor, porque num meio local é evidente que um diretor tem de fazer trabalho de jornalista. Ainda estou um pouco a perceber o que aconteceu, é verdade que esta decisão não me surpreende, porque é algo para o qual estamos a ser preparados há algum tempo pela administração. No entanto, acreditamos sempre que não será este o fim de um jornal com 127 anos e, portanto, aquilo que eu sinto neste momento ainda é um bocadinho estupefacto, perdido, a faltar-me alguma coisa, porque é algo que se cola à nossa pele e quando nos falta, pelo menos para quem exerce a profissão com a paixão que nós fazíamos no Correio da Feira, é algo que dói.”
O diretor do jornal acredita que no futuro mais jornais vão ter o mesmo destino do Correio da Feira e acabar por fechar. Para Nelson, o futuro do jornalismo e dos jornais impressos está comprometido.
“O Correio da Feira provavelmente é notícia hoje, mas daqui a uns dias já ninguém se lembra e daqui a uns dias morre outro jornal, vão morrer mais jornais. O cenário é igual ou pior porque estão constantemente a partir-se jornais com muito relevo também. O Correio da Feira não é o único jornal que acaba ou que suspende as suas edições. É difícil esperar que alguma coisa vá mudar e é difícil não olhar para o cenário do jornalismo em papel como uma morte anunciada.”
O jornal centenário do distrito de Aveiro fechou agora portas. A direção do Correio da Feira acredita que o impacto deste fecho só se irá refletir na população e na informação local daqui a uns tempos.
