O jornalista Pedro Rosa Mendes denunciou, na TSF, o que diz ser «um acto de censura à velha maneira», por causa de uma crónica que escreveu sobre a corrupção em Angola. No Parlamento, PS e Bloco de Esquerda já pediram para ouvir o ministro Miguel Relvas e o director de informação da Antena 1.
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Em declarações à TSF, Pedro Rosa Mendes, disse não ter qualquer dúvida sobre as razões do seu afastamento.
«O que se passou foi um acto de censura pura e dura, à velha maneira, provocado por uma crónica isolada que beliscou essa vaca sagrada da democracia portuguesa que é o regime angolano. Quando se toca nisso as coisas começam a correr mal e penso que foi isso que aconteceu de novo», afirmou.
O jornalista explicou que «nada, rigorosamente nada, fazia prever que a minha crónica e, por arrastamento, as outras quatro terminassem abruptamente, como aconteceu».
«Pelo contrário, confirmando que se apanha mais depressa um mentiroso do que um cocho, eu repetidamente nas últimas semanas foi alertado, até por pessoas dos recursos humanos da RTP, para a necessidade de alterar o contrato relativo a esta colaboração porque o contrato que ainda existe é entre a RDP e a agência Lusa, com a qual eu tinha um contrato de exclusividade até há dois meses», revelou.
Já a justificação do director-geral da RTP, que tem também a seu cargo a RDP, é a de que os contratos dos colaboradores terminam a dia 31 de Janeiro pelo que «foi decidido terminar com a série, e não apenas com o programa da autoria do Pedro Rosa Mendes».
A decisão, acrescenta o director-geral da RTP, «já estava tomada há algum tempo», por isso antes de ter sido emitida a referida crónica sobre Angola.
Entretanto, no Parlamento,o Bloco de Esquerda já anunciou quer ouvir o ministro Miguel Relvas e o PS chamou também o director de Informação da Antena 1. Os dois partidos querem tirar a limpo se o cancelamento das crónicas de um jornalista se ficou ou não a dever a um acto de censura.