Figura foi criada há dois anos em Guimarães para combater o isolamento das pessoas com mais de 65 anos.
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Combater o isolamento dos idosos tem sido a principal missão do Provedor do Idoso de Guimarães, o primeiro município a criar esta figura, há dois anos, e que tem permitido, sobretudo, mobilizar de forma mais ágil a família, os vizinhos e as instituições para melhorar a vida e a autonomia dos mais velhos.
No concelho de Guimarães estima-se que mais de três mil idosos vivem sozinhos ou acompanhados por alguém da mesma idade. Uma estatística que impressionou José Lopes, já no tempo em que foi Governador Civil de Braga, e que, desde logo, o despertou para a necessidade de dar uma atenção especial a esta camada da população desprotegida.
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"Sou do tempo em que a palavra velho significava saber acumulado e as pessoas tinham muito respeito pelos seus idosos. A sociedade tem que lhes estar reconhecida porque eles fizeram um trabalho notável. Se hoje a vida é difícil, foi muito mais difícil para os nossos pais, para os nossos avós. Hoje estão numa posição muito mais frágil e precisam de um apoio maior. No fundo, esse apoio que lhes dermos não é um favor, é uma obrigação que lhes devemos", salienta José Lopes.
Quando foi convidado pelo município de Guimarães a assumir o papel de Provedor Municipal do Idoso aceitou o convite depois de ultrapassar as dúvidas iniciais sobre o que este figura "poderia fazer" pelos mais velhos. Dois anos depois, mostra-se satisfeito com os resultados. "Das três mil pessoas que estimamos que vivem sozinhas, já duas mil estão sinalizadas. É importante mas precisamos de chegar aos que faltam. Há ainda um trabalho a fazer mas não há dúvida de que estamos a encontrar pessoas, instituições e juntas de freguesia muito motivadas para isso, razão, aliás, do sucesso e da garantia de que vai acontecer o que sonhámos: um respeito maior por eles", referiu José Lopes.
O trabalho do Provedor do Idoso, que aceitou em regime de voluntariado, divide-se entre os atendimentos às sextas feira na Câmara Municipal e as visitas aos idosos e às instituições que atuam nesta área. "Desafiámos as instituições a trabalharem umas com as outras e sensibilizámo-las para a importância de se divulgar as boas práticas", explica.
Um dos casos que passaram a ser acompanhados é o de Alberto Machado, 76 anos, que vive com a mulher, um ano mais velha, na periferia do concelho. Os problemas de saúde levaram-lhe a visão e a mobilidade. Viu-se desamparado quando foi para longe o último dos seis filhos. "Ele teve que ir para a Suíça e chorámos, eu e a minha mulher, porque ficámos desarmados. Mas tivemos sorte, parece que foi Deus, porque logo a seguir apareceu-nos aqui esse senhor". É nestes casos que José Lopes, o Provedor do Idoso intervém e se encarrega de mobilizar as respostas sociais para o apoio que é preciso. Atualmente, o casal é acompanhado a vários níveis, nomeadamente por uma enfermeira, uma psicóloga, uma gestora social e a diretora técnica da CAISA, uma instituição sem fins lucrativos que atua na União de Freguesias de Airão São João, Airão Santa Maria e Vermil, um território profundamente rural e envelhecido."São as minhas netas. No fim do mês, uma delas trata de levantar a minha reforma para pagar ao lar (fornece as refeições) e as despesas aqui da casa. Quando a minha mulher está doente, levam-na ao médico. Tudo o que for preciso elas fazem", descreve Alberto.
Em simultâneo com esta realidade de dependência, há também os casos de pessoas que mantêm a autonomia mas que precisam de ser retiradas do isolamento e encaminhadas para universidades seniores, passeios e encontros concelhios, atividade física, entre outras atividades.
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