No Tribunal de Aveiro, no julgamento Face Oculta, esteve esta manhã a ser ouvido José Penedos, o antigo presidente da REN, que negou ter fornecido informações privilegiadas ao seu filho, Paulo Penedos.
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José Penedos foi confrontado com várias escutas em que conversa com o seu filho Paulo Penedos, também arguido no processo, ou em que o seu filho conversa com Manuel Godinho, o arguido principal, ou Namércio Cunha, o homem de confiança de Manuel Godinho.
O ex-presidente da REN continua a garantir que apenas transmitia informações genéricas ao filho Paulo Penedos, como a qualquer advogado de empresas que tinham negócios com a REN.
O seu advogado Rui Patrício diz que essa é a verdade. «As pessoas estiveram sob escuta muitos meses e do meu constituinte há dez escutas, sobre essas a minha conclusão é 'nada', nada que tenha algum valor para algum processo ou para este processo», comentou.
«Qualquer pessoa tem conversas genéricas, [mas] conversas que impliquem dar privilégio, revelar segredos ou dados específicos, não há», garantiu Rui Patrício.
Após ouvir o pai, durante toda a manhã, ser confrontado pelo juiz do Tribunal de Aveiro, Paulo Penedos confessou o seu sofrimento por ainda não ter prestado declarações em tribunal.
«Estar a assistir ao que estou a assistir e não poder ainda ter prestado declarações, causa-me um grande sofrimento porque tenho uma explicação para tudo o que aqui está a ser passado», revelou.
O julgamento chegou a uma fase em que já todos perceberam, defesa e acusação, que o juiz presidente Raul Cordeiro privilegia a verdade material e, por isso, em qualquer momento, podem ser somadas novas e alegadas provas ao processo.
Entre estas assumem especial atenção as escutas que o Ministério Público quis incorporar nos autos. Estas escutas serão ouvidas durante a tarde, à porta fechada, e são relativas à alegada pretensão da secretária de Estado, Ana Paula Vitorino, de demitir o presidente do conselho de administração da CP, Cardoso dos Reis.
Na opinião do Ministério Público estas conversas telefónicas, decorridas em Junho de 2009, contrariam as declarações de Armando Vara e evidenciam que o ex-ministro tinha influência na escolha de dirigentes de empresas públicas, nomeadamente na CP e na Refer.