O cardeal patriarca de Lisboa afirmou que «ninguém manda nos mercados» e que podem ser constituídos grupos como os «G20 ou G40», que o domínio da área financeira ficará inalterado.
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«Hoje ninguém manda nos mercados, não tenham ilusões, podem fazer os G20 e os G40 que quiserem que os mercados não têm outra ordem de reacção e de avaliação», argumentou numa intervenção na conferência "O Futuro da Europa", que decorreu este sábado em Lisboa.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, estão a decorrer no espaço europeu «mudanças significativas, algumas delas preocupantes».
«Hoje sinto uma perda discreta e progressiva do poder de quem nos governa e as causas são várias», disse José Policarpo, citando a «liberdade do poder financeiro frente à Economia».
Contudo, o cardeal não deixou de acrescentar uma nota mais descontraída e repetiu uma anedota contada por si enquanto ouvia o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.
«Ouvia na televisão o presidente [do Eurogrupo] dizer muito simpaticamente que o euro sem Portugal é inconcebível e eu comentei que isso depende do resultado com a Bósnia [referindo-se ao jogo de qualificação para o Europeu de futebol de 2012]», contou.
Na qualidade de presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme Oliveira Martins afirmou que a «lógica europeia não pode ser fragmentária e divisória».
No painel sobre Europa Política, em que interveio Mário Soares, antigo Presidente da República, Oliveira Martins sublinhou a importância de uma maior participação dos parlamentos nacionais.
O orador defendeu ainda a necessidade de os cidadãos se sentirem que «têm voz», pelo que deveria existir um «Senado [europeu] com representação igualitária».
O também presidente do Tribunal de Contas referiu que a situação actual não seria melhor fora da moeda única europeia e exemplificou com a Grã-Bretanha.
«A Grã-Bretanha não está melhor. A libra não protegeu a Economia e a dívida externa é de 600 por cento do Produto Interno Bruto», afirmou.
A conferência foi organizada pela Comissão Nacional Justiça e Paz, em colaboração com o Centro Nacional de Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian.