Jovens com necessidades especiais "não têm para onde ir" depois da escolaridade. Associação alerta para falta de apoio
Em declarações à TSF, a presidente da Associação Portuguesa de Deficientes nota que a existência de uma rede de apoio a estes jovens deve ser uma prioridade e lamenta que a lei nem sempre é acompanhada por medidas eficazes no terreno
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A presidente da Associação Portuguesa de Deficientes alerta para a situação dos jovens com necessidades especiais que, depois da escolaridade obrigatória, "não têm para onde ir". No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, em declarações à TSF, Gisela Valente afirma que a existência de uma rede que os acompanhe e acolha deve ser uma prioridade.
"Não têm locais para estar durante o dia, as suas famílias muitas vezes não os conseguem estimular, nem ter atividades para que estes jovens possam progredir e serem motivados para a vida em geral. Muitas vezes há jovens que vão para lares de idosos, o que consideramos que não é uma resposta para jovens. Nós deveríamos ter, neste momento, uma rede que pudesse acolher esses jovens e verificamos que estas redes estão completamente cheias e que existem poucas ou quase nenhuma vaga", explica à TSF Gisela Valente, reconhecendo que, desde o 25 de Abril, têm sido adotadas políticas em prol dos direitos das pessoas com deficiência.
No entanto, a lei nem sempre é acompanhada por medidas eficazes no terreno: "Por exemplo, atualmente utiliza-se muito a internet e há muitas pessoas que, de facto, ainda são infoexcluídas e é muito grave. Também relativamente à comunicação dentro de hospitais para pessoas surdas, por exemplo, de instituições de caráter público, juntas de freguesia e autarquias há a questão do atestado multiuso que, no fundo, condiciona todo e qualquer direito que as pessoas com deficiência possam ter. Ao não ser passado atempadamente o atestado multiuso, a vida das pessoas fica pendente", exemplifica a presidente da Associação Portuguesa de Deficientes.
Assinala-se, esta terça-feira, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.