Estudo mostra que, no ano passado, 88% dos rapazes inquiridos disseram ter usado preservativo na primeira relação sexual, o que representa uma queda de nove pontos percentuais relativamente a 2008.
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O uso do preservativo por parte dos jovens baixou nos últimos 14 anos. É esta a conclusão de um estudo que é apresentado, esta quinta-feira, pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em conjunto com a Associação para o Planeamento da Família e o Centro Lusíada de Investigação em Serviço Social.
De acordo com o Jornal de Notícias (JN), os investigadores indicam que apesar da grande maioria dos jovens continuar a utilizar o preservativo, a tendência é para uma menor proteção. No ano passado, 88% dos rapazes inquiridos neste estudo disseram ter usado preservativo na primeira relação sexual, o que representa uma queda de nove pontos percentuais em relação aos resultados verificados em 2008.
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As conclusões do estudo "Jovens e Educação Sexual: Conhecimentos, Fontes, Recursos" indicam ainda que mais de metade dos adolescentes numa relação de namoro que inclua sexo dizem não utilizar sempre o preservativo.
Quase 60% dos 2320 jovens que responderam a um inquérito online afirmam não usar a pílula, enquanto um quarto opta pelo coito interrompido como forma de evitar uma gravidez.
Os investigadores apontam para um decréscimo da preocupação com doenças sexualmente transmissíveis.
Em declarações ao JN, Maria Manuel Vieira, uma das coordenadoras do estudo, admite que há agora um menor conhecimento da sexualidade do que havia em 2008, ano em que havia um foco muito acentuado nas questões da Sida.
As raparigas, ainda assim, mostram ser mais bem informadas. Trinta por cento têm um conhecimento muito bom, já nos rapazes o número não chega aos 18%.
O estudo conclui ainda que aumentou, de forma ligeira, a idade média da primeira relação sexual para os 15 anos e 5 meses.
Duarte Vilar, diretor executivo da Associação Para o Planeamento da Família, acredita que a pandemia pode ajudar a explicar o menor recurso ao preservativo.
"Com os confinamentos tudo se tornou mais difícil de aceder, nomeadamente os cuidados de saúde. Os centros de saúde não estiveram fechados, mas tiveram um acesso muito restringido e, portanto, houve mais dificuldades de aceder aos cuidados de saúde, nomeadamente à contraceção. Esta é uma interpretação que pode ser feita", considera, em declarações à TSF.
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O estudo pretende também fazer um diagnóstico ao conhecimento dos jovens sobre a sexualidade. Duarte Vilar destaca o papel das escolas.
"Esperamos que este estudo sirva para se perceber quais são os pontos fracos e fortes e as mudanças nos conhecimentos dos jovens nestas áreas. Uma das recomendações que fazemos é que estas duas componentes se devem articular bastante bem nas escolas, ou seja, a educação para a saúde e a educação para a cidadania são dois aspetos da educação sexual e, por isso mesmo, as escolas devem articular estas duas componentes", afirma.
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* Notícia atualizada às 08h26