JS admite que Governo "tem de ir inovando", JSD incita a "mudanças reais" para evitar radicalismos
As juventudes partidárias reagiram ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 5 de outubro esta sexta-feira no Fórum TSF.
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Depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter defendido na quinta-feira, no discurso do 5 de outubro, que o país precisa de reformas a sério para evitar que os radicalismos se instalem, o deputado e líder da Juventude Socialista, Miguel Costa Matos, reconheceu esta sexta-feira no Fórum TSF que as dificuldades que o país enfrenta exigem que o Governo vá mais longe.
"Vivemos neste momento no nosso país um paradoxo em que a economia, de facto, tem um crescimento muito interessante, em que temos um emprego em máximos, em que os salários sobem 8%, mas as pessoas sentem a sua vida muito complicada, seja por causa da prestação da casa, seja porque o preço da comida está mais caro e, portanto, é natural que perante isto tenhamos de arranjar reformas que sejam capazes de transmitir às pessoas no seu dia a dia aquilo que é o progresso que o país vai alcançando em determinadas matérias. O Governo já tem feito um conjunto de reformas, mas olhando para o país tem de ir inovando e fazendo aquilo que ainda não conseguiu fazer nestes oito anos", admitiu à TSF Miguel Costa Matos.
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Quem também concorda com os alertas do Presidente da República é Alexandre Poço, líder da Juventude Social Democrata.
"É como uma casa, uma empresa, uma instituição, um país. Se as coisas não mudam, não se reformam, não se atacam os problemas e haverá sempre quem procure derrubar, para lá dos problemas, as instituições nas quais esses problemas não têm tido solução. E, portanto, é uma mensagem bastante consensual. O Presidente da República tem vindo, nas suas intervenções nestas datas mais importantes, a destacar esta necessidade do país olhar para a sua história, mas também olhar para o presente e para o futuro e perceber que são precisas mudanças reais", defendeu Alexandre Poço.
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Do lado da Juventude do Bloco de Esquerda, Leonor Rosas considera que no país já existem problemas com radicalismos e discursos de ódio e a direita tem responsabilidade nisso. Para a bloquista, a política não tem dado respostas aos jovens.
"Com o aproximar dos 50 anos do 25 de Abril, 50 anos da nossa democracia, onde é que estão os jovens nesta democracia? E acho que seria muito relevante pensar também o que é que ultimamente a política tem feito pelos jovens. O que é que os governos sucessivos têm feito pelos jovens e quando nós encontramos hoje em dia uma situação em que os jovens veem o seu futuro hipotecado, sem poderem sair de casa dos pais até quase aos 35 anos, com rendas exorbitantes, a pagar 400 e 500 euros por um quarto sem poderem estudar para o ensino superior, é normal que exista alguma desilusão e, por isso mesmo, seria importante que estes decisores políticos, nomeadamente Carlos Moedas, que tem um papel importante nas políticas da habitação, pensassem exatamente nestas questões", questionou Leonor Rosas.
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Já Rita Matias, deputada e coordenadora da Juventude do Chega, recusa o rótulo de radical para o seu partido.
"O radicalismo já está connosco na sala há muito tempo, na verdade desde o início desta terceira República e não é preciso ir mais Longe. Basta percebermos que temos o Bloco de Esquerda com assento parlamentar há mais de 20 anos. Quando ouço Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas falarem de radicalismo, pergunto de que radicalismo é que estamos mesmo a falar? Porque a verdade é que o radicalismo já está em Portugal há muito tempo e infelizmente também nos conduziu àquilo que nós vivemos hoje, porque enquanto o radicalismo foi marcando a agenda política da nossa República, nós fomo-nos voltando para questões sociais, para questões de direitos que queriam ver conquistados, mas fomo-nos esquecendo destes direitos fundamentais, como a habitação, como a educação, como a saúde", argumentou Rita Matias.
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Por fim, Afonso Beirão, da Juventude Comunista Portuguesa, viu a intervenção de Marcelo como "abstrata", não referindo "reformas estruturais".
"Não se encontram aqui as respostas que eram necessárias, respostas concretas. Não precisamos de discussões mais abstratas, precisamos de falar dos problemas reais que o nosso povo está a sentir na pele. O que se exigia, a nosso ver, era discutir a questão dos baixos salários em Portugal. Esta é a questão fundamental do nosso país", acrescentou Afonso Beirão.
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