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Depois da estreia no Teatro Nacional S. João, no Porto, A Última Gravação de Krapp, de Samuel Bekectt, com encenação de Nuno Carinhas, estreia agora no CCB, em Lisboa.
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Monodrama em um ato, de Samuel Beckett. Krapp senta-se a uma mesa, com várias coisas em cima, em desalinho e ouve gravações que fez décadas antes. Termino aqui esta gravação. Caixa três, bobine cinco. Estas são as palavras de Krapp, numa noite, nostálgica, com o relógio a passar da meia-noite. Nuno Carinhas, que regressa a esta peça que tem esta melancolia agarrada e de um lirismo melancólico.
É a voz gravada, nestas bobines que baralha a nossa ideia da vida de Krapp, resgatar memórias, a própria memória é tantas vezes aquela voz do próprio Krapp gravada, igual à voz que ressoa dentro da cabeça de Krapp.
Esta é uma peça sem música, sem som, apenas a voz que no entanto vai sendo gravada e ouvida, Nuno Carinhas diz que é a única peça que encenou que não tem música. Krapp, grava, em cada dia de aniversário, talvez seja a última, talvez não. Diz Krapp Passa da meia-noite. Nunca nada foi tão silencioso. Como se a terra fosse desabitada. Termino aqui esta gravação. Caixa três, bobine cinco.
Tradução Francisco Luís Parreira, Encenação, cenografia e figurino Nuno Carinhas, Desenho de luz Nuno Meira, Desenho de som Francisco Leal, Interpretação João Cardoso.
A Última Gravação de Krapp, com encenação de Nuno Carinhas estreia esta noite, de quinta-feira, 04 de maio, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa e fica até 8 de maio.