Laboratório de nanotecnologia integra linha piloto para colocar Europa na vanguarda da produção de semicondutores
O INL, em Braga, integra mais duas agendas do European Chips Act que irá permitir um investimento de 14 milhões de euros em equipamento
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O Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL), em Braga, participa na Linha Piloto Advanced Packaging and Heterogeneous Integration of Electronic Components and Systems (APECS), do European Chips Act, uma iniciativa estratégica da União Europeia para reforçar a capacidade de produção de semicondutores.
A meta passa aumentar a participação do velho continente no mercado global de semicondutores de 8% para 20% até 2030.
Recorde-se que, devido à pandemia de Covid-19, instalou-se uma crise que afetou vários segmentos da economia, entre eles o setor automóvel e da eletrónica.
Ricardo Ferreira, líder do grupo de investigação em Spintrónica no INL, fala numa iniciativa estratégica para recuperar o espaço que perdeu quando decidiu desinvestir nesta área.
“Esta é uma indústria muito importante e com vários tipos de aplicações, desde logo na saúde, mobilidade, entre outros. Portanto, esta iniciativa vai permitir ao INL e ao país recuperar algum desse espaço perdido”, afirma.
O EU Chips Act está no terreno desde o final de 2024. A iniciativa é coordenada pela Fraunhofer-Gesellschaft (Alemanha) e cofinanciada pela Chips Joint Undertaking, em colaboração com autoridades de financiamento de vários países europeus, onde se inclui Portugal.
São mais de 20 milhões de euros, dos quais 14 milhões serão utilizados pelo INL para reequipar o laboratório com equipamentos de produção de chips.
Quanto às tecnologias em que terão uma palavra a dizer, passam pela exploração de materiais 2D, como é o caso do grafeno, tecnologias que exploram propriedades mecânicas do silício e que integram dispositivos também com propriedades óticas, tecnologias fotónicas, que exploram a luz, e tecnologias de spintrónica que exploram a interação entre materiais magnéticos e materiais elétricos.
Além do APECS, o INL faz parte de mais duas linhas do European Chips Act, são elas: o Centro de Competências em Portugal, do qual é coordenador, direcionado para o treino e retenção de talento, visto que é estimado que a procura por recursos humanos nesta área venha a “triplicar”. “É preciso chamar à atenção os jovens que estão a ingressar nas universidades para esta área e para as suas oportunidades”, realça.
O INL tem ainda uma participação na Plataforma de Design, de acesso aberto a empresas, startups e academias. Trata-se de uma tentativa da União Europeia de criar uma “estrutura que permita o desenho de chips sem recorrer a tecnologias comerciais” e, sendo de acesso aberto, possibilita que qualquer pequena ou média empresa possa utilizar este conhecimento para o desenvolvimento destes dispositivos.
