O projeto de habitação colaborativa, avança a diretora do Lar da Felicidade à TSF, possui todos os benefícios de um lar de idosos, com um bónus muito procurado: a sensação de autonomia.
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As regras para a construção de habitações colaborativas sociais entram esta terça-feira em vigor, permitindo a criação de casas independentes para acolher idosos, deficientes ou outras pessoas vulneráveis. O Lar da Felicidade, em Meirinhas, na região de Pombal, vai estrear-se neste campo, com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A portaria publicada esta segunda-feira no Diário da República fala em espaços que podem acolher entre quatro a 40 utentes. O Lar da Felicidade prevê a construção de um T0, um T2 e seis T1, no fundo, uma espécie de aldeia onde podem viver 17 idosos.
A nova aldeia ainda não está de pé, mas já existe "muita procura" para preencher as vagas disponíveis. Cristina Ribeiro, diretora do Lar da Felicidade, explica, em declarações à TSF, que enquanto a obra não estiver concluída, a instituição "não aceita reservas".
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O projeto de habitação colaborativa, avança a diretora, é a perfeita junção entre os benefícios de possuir uma casa própria e as vantagens oferecidas por um lar, dando origem a um bónus muito procurado: a autonomia.
"Tem os mesmos serviços porque está aqui, no nosso caso, mesmo junto à instituição - ao lar -, apenas tem um jardim entre as casas e a instituição. Sempre que houver alguma necessidade do utente, que precise de ajuda, precise de serviços, a instituição apoia, mas na casa dele", esclarece Cristina Ribeiro.
Os espaços coletivos são outra característica diferenciadora deste modelo habitacional, que além dos serviços de apoio, vai dispor, por exemplo, de uma horta comum.
"Tem mais um módulo - que é uma sala polivalente para realizarem festas, eventos com a família -, que tem uma cozinha e uma sala de convívio. Tem também outro módulo, que é uma lavandaria comunitária, em que terá uma máquina de lavar e secar. Para além disso, cada casa irá ter a sua parcela de horta comunitária", avança.
Cristina Ribeiro insiste, ainda, na ideia da "liberdade" e independência que estes novos moradores vão poder sentir.
"A pessoa tem a liberdade de, se se quiser levantar às 11h00, levanta-se às 11h00. Se quiser tomar o pequeno-almoço mais tarde, toma mais tarde e também, a nível das visitas, não está sujeito a horários, não tem de comunicar para sair, ou seja, é a sua casa", conclui.
Esta iniciativa está ao alcance de todos aqueles que possam viver sozinhos, mas no que diz respeito à mensalidade, a diretora do Lar da Felicidade ainda não consegue avançar com números concretos.
"Iremos ver se terá algum apoio da Segurança Social, como acordos de cooperação ou não, e isso depois também vai influenciar na mensalidade", afirma.
Para já, sabe-se que o PRR vai apoiar com perto de 400 mil euros este projeto, mas o Lar da Felicidade terá de avançar com outro tanto, pelo que as contas ao utente fazem-se no fim, quando tudo estiver pronto. A conclusão das obras está prevista para o ano, mais ao menos por esta altura.
Portugal começa agora a replicar o modelo de casas comunitárias, que nasceu no ano de 1970 na Dinamarca. A legislação que define a forma e o modelo de funcionamento de casas colaborativas de cariz social, como esta que está prestes a nascer em Meirinhas, no concelho de Pombal, foi publicada esta segunda-feira.