A vila só tem dois acessos e quem chega tarde tem de deixar o carro longe e fazer o percurso a pé. Tal não impede ninguém de lá ir. Veja as imagens
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Chegar a Lazarim no Domingo Gordo ou no dia de Entrudo não é para quem não gosta de caminhar. Ou chega muito cedo ou deixa o carro a dois ou três quilómetros do centro da ação dos caretos. E depois vai a pé, claro. Aconteceu o mesmo este domingo, apesar do frio e da chuva.
Esta vila do concelho de Lamego, incrustada entre encostas de montanha, voltou a rebentar pelas costuras. Milhares de pessoas vão de todo o lado para ver as máscaras construídas por artesãos locais, a partir de paus de amieiro. Todos os anos há máscaras novas, que só são mostradas na terça-feira de Entrudo.
Ana Neto já tinha visto, muitas vezes, imagens das criações de Lazarim, mas nunca ao vivo. Este ano decidiu-se e foi com familiares. “Ficamos até terça para ver o Entrudo, que é muito diferente do que temos em Lisboa”, disse à TSF. Também pela primeira vez foi, desde Aveiro, Carlos Santos, porque quis ver o que “é genuíno, um Carnaval português”, sublinhou.
Uns e outros viram as máscaras de madeira, entre elas as feitas para os dois filhos, de quatro e oito anos, por Paulo Fernandes. Este artesão de Lazarim consegue fazer bom negócio todos os anos, pois as máscaras que vende a colecionadores, grupos musicais e de teatro, “chegam a valer entre 200 e mil euros cada uma, às vezes até mais”.
Lazarim só tem dois acessos e quem chega tarde tem de deixar o carro longe e fazer o percurso a pé. O presidente da Junta de Freguesia, Paulo Loureiro, diz que “as pessoas querem ir independentemente da distância que tenham de fazer”, porque “gostam do Entrudo genuíno de Lazarim”, que a cada ano que passa conquista mais fãs.
Esta segunda-feira vai realizar-se um raid fotográfico para profissionais, com mais de 70 inscritos de todo o mundo, para que possam captar imagens dos caretos sem ter à frente os curiosos de telemóveis na mão. E só não tem mais porque as inscrições são limitadas, tal como é a logística disponível.
Terça-feira haverá nova enchente em Lazarim. É nesse dia que saem à rua mais de 70 mascarados e são lidos uns picantes testamentos em praça pública. A seguir, os bonecos do compadre e da comadre vão a rebentar e a festa termina com feijoada e caldo de farinha confecionados em potes de ferro.
