Quase dois anos depois, vários dos 375 doentes que tiveram legionella no surto de Vila Franca de Xira dizem que ainda sentem sintomas.
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Falta de ar, falta de memória e dores no corpo. São estes os sintomas que António Leitão ainda sente e que não tem dúvidas que surgiram da legionella que apanhou no surto de Vila Franca de Xira. "Nunca tive isto e desde esse momento é o meu dia-a-dia", conta.
António e a mulher ficaram doentes ao mesmo tempo, mas ele ficou com sequelas que teimam em não desaparecer. À TSF explica que "há certos cheiros de perfumes de mulher que me obrigam a fugir delas".
Tal como o fumo da lareira de que se aproxima quando vai à aldeia, esses perfumes causam-lhe falta de ar.
Depois, além de dores constantes e frequentes no corpo, este militar da GNR, que aos 53 anos já não pode sair da secretária, conta que desde a legionella que tem uma memória muito fraca.
"Será ou não da privação de oxigénio que tive... mas nunca me tinha acontecido antes e desde a doença dizem-me duas ou três vezes a mesmo coisa e 'apaga-se'. Estou sempre a perguntar o mesmo".
Do lado das vítimas, o sentimento é de desânimo face à lentidão da justiça. É esse, também, o caso de António Francisco, residente em Alverca e que acredita ter apanhado a legionella na zona onde se situava o centro de emprego para onde ia fazer um curso de inserção profissional.
Quase dois anos depois, continua desempregado e explica que passou a ter apneia do sono e a dormir mal. A "moleza" que sente regularmente depois de estar internado complica muito a busca de trabalho.
Por lentidão da justiça, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ameaça avançar com um processo em tribunal contra o Estado se não forem conhecidos, rapidamente, os resultados da investigação do Ministério Público ao surto de legionella que afectou o concelho em Novembro de 2014, matando 12 pessoas e afetando outras 375.
A Procuradoria-Geral da República justifica-se dizendo que a investigação está a ser "muito complexa".