Liga dos Bombeiros nega planeamento de dispositivo especial para JMJ com Proteção Civil
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil deu esta garantia ao final da tarde de terça-feira, mas os bombeiros negam.
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A Liga dos Bombeiros Portugueses estranha o comunicado divulgado ao princípio da noite de terça-feira pela Proteção Civil, que informa que foi planeado, em coordenação com os bombeiros, um dispositivo especial de proteção e socorro para a Jornada Mundial da Juventude. O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, garante que nunca houve uma reunião com os bombeiros voluntários para preparar o evento.
"Estranho que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil considere críticas e não alertas e também estranho que não nos tenham, apesar de tudo, convocado para uma reunião. A aliás, há cerca de um mês fiz, em nome da Liga dos Bombeiros Portugueses, um pedido de reunião com a Proteção Civil que esteve marcada. Por impossibilidade da nossa parte àquele dia e àquela hora não a conseguimos fazer e disponibilizámo-nos para fazer em qualquer outro dia. Até hoje estamos a aguardar que sejamos convocados", afirmou à TSF António Nunes.
Há cerca de um mês a Liga dos Bombeiros disse estar "muito preocupada" com a falta de diálogo com a Proteção Civil sobre os planos de operações para a JMJ. Agora o presidente da Liga dos Bombeiros sublinha que também não entende porque é que eventos como o Rali de Portugal ou o Rock in Rio têm um dispositivo especial de proteção e socorro, mas a Jornada Mundial da Juventude não.
"Uma questão é aquilo que se vai tratar naqueles eventos específicos, onde há um conjunto de meios como hospitais de campanha, postos de escola, ambulâncias, pessoal médico e paramédico que está, provavelmente, bem tratado. Outra coisa completamente diferente são municípios ou concelhos onde vão estar 40 ou 50 mil pessoas que excedem a população residente normal. Havendo essa distribuição desses participantes pelos vários concelhos à volta de Lisboa e não só, entendemos que os bombeiros têm que ter um dispositivo de apoio a eventuais circunstâncias que possam ocorrer. Não nos eventos em si, mas em todo o acolhimento que Portugal vai ter que dedicar durante cerca de duas semanas", explicou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.
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António Nunes explica também o que pretendiam com a reunião que ainda não aconteceu: um encontro em que os bombeiros deixariam nas mãos da Proteção Civil uma proposta.
"Que cada meio que seja mobilizado para esse dispositivo especial tenha um ressarcimento às associações de 30 euros por dia e que cada bombeiro voluntário que seja englobado no sistema tenha correspondência ao valor de 4,37 euros, que é o valor hora do ordenado mínimo nacional. Penso que é uma proposta muito equilibrada e que poderia mobilizar um conjunto de meios que desse alguma tranquilidade à própria Proteção Civil para, em caso de necessidade, ter esse dispositivo às suas ordens, porque aquilo que queremos fazer é mobilizar nos corpos de bombeiros, quer equipamentos, quer bombeiros, à disposição da Proteção Civil", acrescentou.
O presidente da Liga dos Bombeiros falou esta semana com o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, que ficou de apresentar uma proposta para compensar os bombeiros voluntários que vão estar na JMJ.