A Liga Portuguesa contra o Cancro classifica o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida como «perigoso». O coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas diz que o documento não traz novidades.
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O presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro critica o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, que defende o racionamento de medicamentos para doentes com cancro, SIDA e doenças reumáticas.
Ouvido pela TSF, Vítor Veloso classificou este documento como «desnecessário, inócuo e perigoso na medida em que isso pode abrir a porta para que tratamentos, que estão perfeitamente aceites do ponto de vista mundial, possam ser cortados».
«Penso que o Conselho deveria ter dito que era que todos os medicamentos que fossem comprovadamente úteis na cura, sobrevivência e na qualidade de vida não deveriam ser cortados aos doentes», adiantou.
Por seu lado, o coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas entende que estes parecer não traz grandes novidades, uma vez que a análise custo/benefício já se faz nesta altura.
Em declarações à TSF, Nuno Miranda lembrou que isto é feito quando o Estado determina ou não pode pagar por um medicamento, qual a sua utilidade e a população de doentes que vai usar o fármaco.
«Caso não se fizessem este tipo de estudos íamos todos para a bancarrota. Pagávamos o que os laboratórios queriam e não avaliávamos coisa nenhuma», frisou.
Nuno Miranda considerou ainda desapropriado que se fale em racionamento, uma vez que nesse caso estaríamos a falar na «utilização limitada de um medicamento».
«Quando tomamos este tipo de decisões devemos defender a equidade, ou seja, saber se «temos capacidade para financiar este medicamento para todos os portugueses que necessitam dele», concluiu.