Liga Portuguesa Contra o Cancro: mais igualdade no acesso ao tratamento "depende da vontade política"

Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens (arquivo)
No encerramento do "Outubro Rosa", Cristiana Fonseca, coordenadora da Liga Portuguesa Contra o Cancro, apela ao Governo que tenha em conta as necessidades de cada doente oncológico. A responsável alerta que muitos homens desconhecem que podem ter cancro da mama e aplaude as ações de sensibilização da sociedade civil
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A Liga Portuguesa Contra o Cancro apela ao Governo que faça face às desigualdades no acesso ao tratamento do cancro da mama.
Este mês já é conhecido como "Outubro Rosa" e várias ações de sensibilização para a prevenção e tratamento do cancro da mama estendem-se por todo o país. Algumas das iniciativas são organizadas pela sociedade civil, como marchas, galas e concertos, mas também há ações por parte de grupos como o Sporting, que este mês jogou com uma camisola cor-de-rosa.
Ainda assim, Cristiana Fonseca, coordenadora do departamento da educação para a saúde do Núcleo Regional Norte, considera que é preciso ir mais além. "Falta que o mês rosa tenha uma implicação no futuro e isso já não depende tanto da Liga nem da sociedade civil, depende da vontade política", explica à TSF Cristiana Fonseca.
"Continua a haver desigualdades, dificuldades no acesso e se calhar não é tanto em termos de diagnóstico, porque o rastreio vai até às mulheres, mas depois, numa fase de tratamento, continua a ser necessário acautelar as narrativas individuais de cada uma destas mulheres e destes casos de cancro. As necessidades que elas sentem têm muito a ver com as necessidades do nosso Portugal. É muito diferente viver numa cidade e numa zona mais rural", afirma.
Com o "Outubro Rosa" a terminar, Cristiana Fonseca faz um balanço positivo da adesão dos portugueses às campanhas de sensibilização. "As minhas grandes surpresas em outubro acabam sempre por ser do ponto de vista positivo desta força da comunidade, desta força que vai mais longe e que torna o trabalho da Liga também mais fácil", sublinha.
Contudo, a coordenadora confessa que ainda fica surpreendida com o facto de os homens não saberem que também podem ser diagnosticados com a doença. "Continuo a ouvir da parte dos homens o desconhecimento de que 1% de todos os cancros da mama podem ser deles. Há, às vezes, até contextos em que os homens resistem à ideia de que têm um órgão que é uma mama", refere.
Há também preconceitos que são precisos combater. "Esperava que já não acontecesse a ideia de que as mulheres estão ocupadas com as suas vidas, as suas rotinas, acabam sempre para deixar para depois um exame que podia salvar-lhes a vida, mas acho que isto acontece cada vez menos", considera.
Assinala-se esta quinta-feira o Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama. Coincide com a data de arranque do peditório nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que está nas ruas até domingo, dia 2 de novembro.
