Língua Portuguesa tem 30 mil novas palavras e o novo dicionário digital já as revela
A Academia de Ciências de Lisboa apresenta esta quinta-feira a primeira edição digital do documento.
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O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea de 2001, coordenado por Malaca Casteleiro, continha cerca de 70 mil vocábulos, mas o que vai ser a partir desta quinta-feira disponibilizado no site da Academia de Ciências de Lisboa (ACL) acrescenta mais cerca de 30 mil novas palavras. "É um trabalho de atualização contínua, o trabalho não é interrompido aqui, de forma alguma", salienta Ana Salgado, coordenadora do projeto e presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da ACL.
Este dicionário vai ficar acessível a todos, de modo aberto e digital no portal da Academia. "Permite-nos uma atualização diária, que não seria possível num dicionário em papel", esclarece a investigadora. No portal da Academia qualquer pessoa poderá dar sugestões que serão posteriormente avaliadas pelos académicos.
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E porque a língua está em constante mudança, o dicionário abriu-se a termos novos que apareceram no português, inclusive durante a pandemia. "O próprio nome covid, vacinómetro...", enumera Ana Salgado. "São imensas as palavras que entraram, por exemplo, eco-ansiedade, negacionismo, eco-turismo, ecoponto, eram vocábulos que não constavam da edição anterior", revela.
Neste dicionário há igualmente uma atenção especial aos "estrangeirismos" que entraram na língua e se tornaram presença permanente. Embora a investigadora Ana Salgado saliente que o projeto aponta para termos em português que podem ser usados em alternativa, já se tornou impossível ignorar a força de algumas palavras que se impuseram."
Desde 2001 até hoje muita coisa mudou, nessa altura não se falava em termos como podcast ou mainstream", afirma. "Convencer alguém que não use a palavra marketing...não vamos ter êxito, é muito difícil", adianta. "Podia dizer 'vamos falar da mercadologia', mas seria uma atitude que iria até cair no absurdo", salienta. "Devemos observar o uso que está a ser feito pela língua e o dicionário deve descrever esses mesmos usos", conclui.
Ana Salgado trabalhou neste projeto desde 2016, conjuntamente com o investigador Alberto Simões, ambos responsáveis pela ferramenta lexicográfica que deu suporte a esta edição digital. O trabalho resulta também da colaboração de vários académicos das Classes de Letras e Ciências da ACL, assim como de vários investigadores nacionais.
A apresentação da edição digital decorre este quinta-feira, a partir das 15h00, na Sala das Sessões da Academia de Ciências de Lisboa.