Investigação de acidentes alerta para riscos das descolagens com os motores programados para potências reduzidas, numa zona muito urbanizada. No último mês aconteceram dois casos.
Corpo do artigo
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) aconselha a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a direção do Aeroporto de Lisboa a estudarem se será preciso rever a avaliação de riscos da única pista atualmente em funcionamento na capital, depois de dois incidentes no último mês com aviões que descolaram com uma potência demasiado baixa.
O primeiro caso aconteceu a 24 de abril e deu agora origem a uma nota do GPIAAF com preocupações onde se sublinha que a zona envolvente à trajetória de subida dos aviões na pista em causa é conhecida pela densidade urbana. Ou seja, qualquer eventual falha de motor é uma "preocupação séria" podendo ter "graves consequências".
O incidente de 24 de abril, classificado como "grave", envolveu uma descolagem feita com os motores programados para irem a um nível de potência baixo (que desgasta menos os motores), contrariando as regras de segurança previstas para esta pista e voando, em consequência, a uma baixa altitude à saída do aeroporto.
A TSF sabe que já este mês voltou a acontecer um incidente semelhante, havendo, segundo o GPIAAF, a nível internacional, uma tendência crescente para este tipo de casos de descolagens com potências demasiado baixas que põem em causa, em certos casos, a margem de segurança caso exista um problema na descolagem.
A investigação portuguesa ao incidente grave com o primeiro avião da easyJet foi agora encaminhada para as autoridades inglesas que tutelam a companhia aérea.
No entanto, mesmo sem os resultados da investigação que será feita no Reino Unido, o GPIAAF, "com base nos dados disponíveis e suportado em relatos de eventos similares", "considera apropriado manifestar a sua preocupação formalmente aos operadores aéreos do Aeroporto Humberto Delgado bem como às entidades aeronáuticas nacionais relevantes, para os riscos envolvidos na operação de descolagem com potência reduzida".
A chamada pista 21 do Aeroporto de Lisboa é hoje a única em funcionamento depois do Governo ter autorizado o encerramento definitivo da pista secundária cujo espaço será usado para aumentar a capacidade do aeroporto, nomeadamente para a construção de mais estacionamentos para aviões e mais espaço para a circulação das aeronaves.