Lisboa, Porto e Coimbra: comunidade moçambicana sai à rua pela defesa de "eleições livres e justas"
Darcielle Costa, membro da organização, defende, em declrações à TSF, que o Governo moçambicano "tem de se render": "Não há outra opção"
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A comunidade moçambicana vai manifestar-se este sábado nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, para mostrar a indignação e preocupação com os acontecimentos das últimas semanas em Moçambique, após as eleições gerais.
Os moçambicanos que vivem em Portugal acusam as autoridades eleitorais de fraude e as forças policiais, controladas pelo Governo no poder, de violência. Ouvida pela TSF, Darcielle Costa, da organização, destaca o propósito das manifestações.
"O nosso propósito hoje é informar a nossa comunidade sobre a situação atual do país, sobre o péssimo nível de educação, o péssimo nível de saúde, as frades eleitorais que continuam a acontecer mesmo após 49 anos de independência e também fazer ouvir a comunidade internacional, que pouco a pouco está a acordar", afirma.
Darcielle Costa aponta igualmente que o esforço feito pelas comunidades na diáspora tem dado resultados: Com o nosso povo aqui na diáspora, é possível também que usamos outras ferramentas, por isso, é só a continuação do trabalho que temos feito já há 2 semanas."
Descrente com a possibilidade de reverter o resultado das eleições de outubro, a moçambicana sublinha que é necessário que país africano tenha uma verdadeira democracia.
"Felizmente, o Governo vai ter de se render, não há outra opção. Já foram feitos muitos sacrifícios e está na hora finalmente de termos uma democracia e um Governo que nos permita expressar com liberdade total, porque se nós estamos insatisfeitos, temos também o direito de comunicar ao nosso Governo e o Governo tem direito de nos ouvir", defende.
Darcielle Costa afirma, por isso, ser necessária uma "monitoria de confiança", argumentando que aquilo que o povo pede são "eleições livres e justas".
A partir das 15h00, os manifestantes protestam em Lisboa, numa marcha que parte do Marquês de Pombal, em direção à sede da CPLP. À mesma hora, em Coimbra, os moçambicanos partem da Praça 25 de Abril, rumo à Praça 8 de Maio.
A plataforma eleitoral Decide estimou este sábado que 22 pessoas morreram, mais de metade em Maputo, em três dias de manifestações de contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, além de 23 baleados e 80 detidos.
Segundo o relatório divulgado pela plataforma de monitorização eleitoral Decide, que aponta dados dos três dias - 13, 14 e 15 de novembro - da nova fase de protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, sete mortes foram registadas na província de Nampula (norte), duas na Zambézia (centro), nove na província de Maputo (sul) e quatro na cidade capital.
