É nos grandes círculos eleitorais que muitos partidos (sobretudo os pequenos) apostam com força. Chega, Iniciativa Liberal e Livre ganharam o desafio e um lugar no Parlamento.
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Com 48 mandatos para distribuir, Lisboa é sempre uma das principais apostas, quer para os partidos "tradicionais" mas também para os partidos pequenos. É no maior círculo eleitoral do país que estes partidos, alguns em estreia, apostam tudo para conseguir eleger deputados. E a aposta foi ganha por três: Iniciativa Liberal, Livre e Chega alcançaram o objetivo principal.
Com os resultados apurados, numa análise aos números, é fácil perceber que houve uma mudança estrutural no distrito de Lisboa. O PS, que em 2015, tinha ficado em segundo lugar, atrás da coligação PSD/CDS, conseguiu obter 36,74%, mais 3,2 pontos percentuais do que nas últimas legislativas. Contrariamente ao que se sucedeu em 2015, os socialistas venceram em todos os concelhos.
É por isso também que se pode concluir que houve uma derrota por parte do PSD e também do CDS, que, recorde-se, foram a votos nas legislativas de há quatro anos em coligação (Portugal à Frente). Somando os resultados de ambos os partidos e comparando-os aos de 2015, a diferença é significativa: foram menos 102081 votos (menos quatro mandatos).
Os números dizem-nos também que houve uma quebra de votos mais à esquerda. Por exemplo, o Bloco de Esquerda, que em Lisboa tinha tido uma vitória histórica há quatro anos, perdeu 18494 votos, mas ainda assim, conseguiu eleger os mesmos cinco deputados. Já a CDU também teve uma descida ainda mais acentuada nas urnas. Os comunistas e os Verdes perderam 27617 votos nestas eleições, o que significa que esta coligação terá menos um lugar no parlamento.
Um dos grandes vencedores destas legislativas foi o PAN. O Pessoas-Animais-Natureza teve um resultado histórico no distrito de Lisboa. O partido liderado por André Silva, conseguiu mais do dobro dos votos que alcançara em 2015, conseguindo passar de 1 para 2 deputados no maior círculo eleitoral do país. Quando há quatro anos tinha conquistado 22628 votos, agora, o PAN teve 48536.
Na estreia no parlamento, estarão o Iniciativa Liberal, o Livre e o Chega. Na eleição de 2015, apenas o Livre já tinha representação. O partido fundado por Rui Tavares conseguiu, nessa altura, 14683 votos em Lisboa. Agora, com a cabeça-de-lista Joacine Katar Moreira, o Livre, essa tendência converteu-se em 22807 votos, conquistando assim um assento parlamentar.
Além do Livre, os outros dois novos partidos que conseguiram conquistar um lugar no parlamento foram o Iniciativa Liberal e o Chega, duas forças que ainda não estavam formadas em 2015. O partido de Carlos Guimarães Pinto conseguiu eleger João Cotrim Figueiredo por Lisboa, tendo alcançado 27166 votos.
André Ventura terá também um lugar no parlamento. O antigo candidato autárquico e militante do PSD, fundou em 2018 o Chega, conseguindo uma ascensão quase "meteórica". O segredo foi o número de votos conquistados, sobretudo nas zonas periféricas de Lisboa. O Chega de extrema-direita conseguiu obter 22053 votos. Aqui, exploramos este partido com mais detalhe.