O projecto “Mexe-te pela tua cidade” vai ser alargado no segundo período lectivo. Uma vez por semana, a frente escolar estará encerrada ao trânsito automóvel
Corpo do artigo
Chegam cedo, antes da hora marcada, já animados e protegidos com capacetes em que se alinham dinossauros, super-heróis e outras figuras populares para crianças com menos de 10 anos. São alunos das escolas Alice Vieira e Sarah Afonso, nos Olivais, que uma vez por semana, apanham o comboio das bicicletas.
Paulo Chakour e Francisco Lino são os maquinistas, mas há mais adultos no comboio, pais e vizinhos, que aproveitam para começar o dia combinando exercício, convívio e boa disposição. “É uma animação logo de manhã”, contam Cláudia e Filipe Cruz, pais de António, João e Francisco. No dia do comboio de bicicletas, vem a família inteira; o mais pequeno, de cinco anos, numa cargo-bike eléctrica, conduzida pelo pai. Todos os outros em bicicletas individuais. “Acordam mais bem-dispostos, despertam mais durante o caminho”, conta Filipe com um sorriso, enquanto enumera as vantagens de ir para a escola de bicicleta: “é muito mais rápido”, ao evitar-se o trânsito; ajuda na dinâmica familiar e o custo é bastante reduzido. Pelas contas de Filipe, num ano, em que percorreu cerca de 3 mil kms com a cargo-bike, poupou cerca de 300 a 400 euros.
Cláudia acrescenta outra vantagem: depois de uma pequena subida no Vale do Silêncio, o trajecto torna-se plano. “Agora, é só curtir e metade do treino está feito!”
O programa “Comboios de bicicleta” começou há três anos e no passado ano lectivo, contou com a inscrição de 240 alunos, de 18 escolas, que percorreram 25 trajectos, um total de 2220 viagens. Para este ano lectivo, o objectivo é aumentar em 20% o número de escolas e percursos, revela Paula Martins, chefe da divisão de informação e promoção da mobilidade da Câmara de Lisboa. O investimento está orçado em 125 mil euros.
No entanto, a rede ciclável da cidade “nunca está a 100%”, admite Paula Martins. Até ao final de Outubro, deverá estar concluída uma auditoria à rede ciclável da cidade, que vai beneficiar do programa Bici, um investimento de quase 400 mil euros, para melhorar e expandir os caminhos para as bicicletas. Paula Martins adianta que estão previstas “23 intervenções, com 14 ciclovias segregadas que ligarão a rede ciclável a 18 escolas de Lisboa, até 2025”.
Outro projecto na área da mobilidade, o “Mexe-te pela tua cidade!” vai também ser alargado, depois das férias de Natal. A juntar-se ao agrupamento de escolas Filipa de Lencastre e Sarah Afonso, mais seis escolas vão encerrar as ruas circundantes, uma vez por semana. Nesse dia programado, a frente escolar encerra ao trânsito automóvel e só se pode andar a pé, de bicicleta, skate, patins ou trotineta.
Nos Olivais, cerca de 40 minutos depois das primeiras pedaladas na Avenida de Berlim, os alunos já estão na escola. Os maquinistas Paulo Chakour e Francisco Lino realçam que “o importante é que as crianças se divirtam e cheguem em segurança”. O comboio de bicicletas “é uma forma muito diferente de chegar à escola, uma forma de fazer exercício, de brincar e esta é a melhor maneira de começar o dia”.
A autora não escreve segundo as normas do novo acordo ortográfico