Livraria Lello edita "O Principezinho" em ucraniano. Parte do valor é doado à UNICEF
A livraria Lello lançou, em conjunto com a UNICEF, a campanha solidária "Livraria Lello X UNICEF - READ FOR UKRAINE". Para angariar fundos, a livraria decidiu fazer aquilo que melhor sabe fazer: editar um livro e grande parte do valor do livro reverte a favor do Fundo das Nações Unidas para a Infância. O livro "O Principezinho", em ucraniano, está em pré-venda. O objetivo é ajudar refugiados ucranianos, especialmente crianças.
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A Livraria Lello acaba de lançar uma edição de "O Principezinho" em ucraniano e, por cada livro vendido, faz uma doação à UNICEF.
Do sentimento de solidariedade e responsabilidade social desta casa de livros, tida por muitos como a mais bonita livraria do mundo, surgiu o movimento de ajuda aos refugiados ucranianos e, mais especialmente, às crianças, como conta à TSF a administradora da livraria Lello, Aurora Pedro Pinto. "Isto partiu do nosso sentimento de responsabilidade social, que é constante na livraria, e de algum modo de dar sempre um grito quando algo fere este nosso sentimento de respeito pelos direitos humanos. E quando envolvem situações e quadros como este [guerra na Ucrânia] que além de incompreensíveis, são absolutamente inaceitáveis. Para nós, europeus, é aflitivo."
A Lello pensou então em como ajudar os refugiados ucranianos. "Tinha de ser algo ligado aos livros. Era o que fazia sentido para nós. E pensámos que «O Principezinho» era um livro que seria adequado a fazermos qualquer coisa para ajudar. Então decidimos editar «O Principezinho» em ucraniano, demorou um pouquinho porque queríamos que fosse feito exclusivamente por nacionais da Ucrânia - e assim acontece: a tradução, a paginação e a revisão ficaram a cargo de profissionais ucranianos, que estavam a viver o momento na Ucrânia, e, portanto, com toda essa carga emotiva". Mas não bastou editar o livro. A Lello ainda se junta ao Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF - criado após a II Guerra Mundial, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de responder à emergência em que se encontravam as crianças europeias. "Começou o caminho", diz Aurora Pedro Pinto, "Temos hoje um «O Principezinho» em ucraniano e na venda de cada livro, reverte 10€ para esta ajuda aos refugiados ucranianos e que a UNICEF tratará, normalmente, de encaminhar."
O valor angariado no âmbito da campanha "Livraria Lello X UNICEF - READ FOR UKRAINE" será aplicado em equipamento médico para apoiar mães e recém-nascidos nos hospitais; formação de equipas para Unidades Móveis de Proteção Infantil que prestam apoio psicossocial; distribuição de água potável e kits de higiene; apoio financeiro a famílias com crianças; e para a criação de espaços seguros nas fronteiras para crianças e famílias refugiadas.
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O movimento de ler um capítulo de "O principezinho" tem sido abraçado por várias personalidades portuguesas. "Ao lançarmos isto, pensámos que fazia sentido ter um movimento e então lançámos o desafio "Read for Ukraine", conta Aurora Pedro Pinto, "E tem corrido bem. Já temos algumas pessoas que são conhecidas e que trazem também mais algum envolvimento à causa". Entre elas estão o escritor valter hugo mãe, a atriz Sílvia Riso, o ator Pedro Granger e a cantautora Mafalda Veiga. Mas qualquer pessoa pode participar no movimento "Read for Ukraine". Para isso, deve escolher um capítulo deste livro de Antoine de Saint-Exupéry. O desejo é que todos os mil exemplares sejam vendidos em pré-venda, no site da Lello. "A nossa vontade era que a 24 de maio, que é quando o livro vai ser lançado, já não tivessemos livros. Seria fantástico que isso acontecesse. Era sinal de uma grande vitória. Significava que nesse dia podíamos entregar todo o dinheiro à UNICEF", explica a administradora da livraria Lello. Se sobrarem livros, estas edições de "O Principezinho" em ucraniano serão expostas na livraria e vendidas ao público.
E em que consiste este movimento, que também é importante para divulgar a iniciativa e, assim, vender livros? "É o desafio «Read for Ukraine», em que nas redes sociais, a pessoa lê um capítulo de «O Principezinho» e desafia três amigos a continuar o movimento. E assim tem acontecido."
A leitura deste livro é importante. "Ler «O Principezinho» é sempre uma descoberta das coisas maravilhosas que ele contém. Por isso, é um movimento bonito e um prazer muito grande. Dá-nos uma satisfação ler qualquer um dos capítulos de «O Principezinho». É muito importante ler «O Principezinho» nas redes sociais porque, por vezes, quem está num teatro de guerra, numa situação destas, fica mais feliz quando ouve que estão a fazer alguma coisa do que propriamente o resultado final. É muito importante. Temos tido alguns ucranianos que respondem nas redes sociais e isso tem sido muito bom", conclui Aurora Pedro Pinto.