Livre rejeita ideia de "candidaturas fracas" e pede esclarecimentos sobre alegada troca de favores entre PS e PSD
Rui Tavares acusou os elementos do PSD citados na notícia da TVI/CNN Portugal de arrogância na forma como se referiram a candidatos dos movimentos de cidadãos, que vieram a ser do Livre.
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O Livre rejeitou esta quarta-feira ter apresentado "candidaturas fracas" a freguesias de Lisboa nas autárquicas de 2017 em coligação com os socialistas e pediu esclarecimentos sobre o caso da alegada troca de favores entre PS e PSD.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, Rui Tavares realçou que a candidata escolhida pelo Livre em primárias promovidas pelo partido "para a historicamente de direita" Junta de Freguesia do Areeiro, Ofélia Janeiro, ficou a 100 votos do candidato do PSD Fernando Braamcamp, que venceu essas eleições.
"Nas eleições seguintes, em que foi o PS e não o Livre a apresentar candidatura, a candidatura do PS ficou atrás daquilo que a candidatura do Livre tinha conseguido em 2017. Portanto, longe de serem candidaturas fracas, são candidaturas que, no caso do Areeiro, praticamente destronaram o PSD de onde ele nunca tinha sido destronado", acrescentou.
O deputado único do Livre afirmou que "quer ver esclarecidas" a notícia divulgada na terça-feira e referiu que o partido já pediu satisfações sobre o caso.
Rui Tavares acusou os elementos do PSD citados na notícia da TVI/CNN Portugal de arrogância na forma como se referiram a candidatos dos movimentos de cidadãos, que em dois casos, da Estrela e do Areeiro, vieram a ser do Livre, considerando que essa atitude "só caracteriza quem utiliza esses qualificativos para falar de outros candidatos".
O deputado do Livre lembrou também que "não seria possível" saber quem seriam os candidatos do Livre na data das escutas e mensagens citadas na notícia, uma vez que as eleições primárias promovidas pelo partido que elegem esses candidatos ainda não tinham ocorrido e nem havia qualquer acordo de coligação.
"Aquelas declarações, aparentemente, são seis meses antes das eleições e há um detalhe que parece ter escapado a toda a gente, sejam responsáveis políticos, sejam jornalistas que têm falado delas, é que seis meses antes o Livre não tinha ainda sequer acordo coligatório para essas eleições de 2017 e não tinha feito eleições primárias", referiu o deputado.
No Livre, os candidatos a cargos de eleição externa, como as autárquicas, são escolhidos através do método das no qual qualquer cidadão pode inscrever-se para concorrer ou para votar, desde que assine a carta de princípios deste partido.
Rui Tavares recordou também que nas eleições de 2017 o PSD recuou na presença nas freguesias do concelho de Lisboa, passando de cinco juntas de freguesia para quatro, depois de perder as eleições na freguesia das Avenidas Novas para um movimento de cidadãos.
Segundo uma reportagem emitida na terça-feira à noite pela TVI/CNN Portugal, no âmbito da Operação Tutti Frutti foram intercetadas escutas e comunicações que apontam para um alegado "pacto secreto" entre PSD e PS para cada partido manter a liderança de determinadas juntas de freguesias de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017.
Referindo ter tido "acesso a centenas de escutas telefónicas e trocas de emails" e também a "conclusões do Ministério Público" no âmbito da Operação Tutti Frutti, a TVI/CNN divulgou algumas, que se centram em comunicações do ex-deputado do PSD Sérgio Azevedo com outros sociais-democratas.