"Livros unem pessoas." Petição em defesa da Rede de Bibliotecas e do Plano de Leitura exige que Governo mantenha projetos
Em declarações à TSF, Elsa Serra, promotora da petição, que conta com quase oito mil assinaturas, exige clareza naquilo que o Executivo pretende fazer: "Estamos muito preocupados porque estes dois projetos correm bem, têm bons resultados e queremos perceber o porquê desta alteração"
Corpo do artigo
Quatro dias depois de ser lançada, já conta com quase oito mil assinaturas a petição em defesa da Rede Nacional de Bibliotecas Escolares (RBE) e do Plano Nacional de Leitura (PNL). A iniciativa acontece depois de o Ministério da Educação ter anunciado que estes dois projetos vão ser integrados no Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação, uma nova entidade. Ouvida pela TSF, Elsa Serra, promotora da petição, pede ao Governo que mantenha o Plano Nacional de Leitura e a Rede Nacional de Bibliotecas Escolares tal como estão e exige clareza naquilo que o Executivo pretende fazer.
“Ficámos preocupados porque estas fusões normalmente [implicam] mudanças que podem prejudicar a autonomia dos projetos, diminuir o seu impacto. Queremos esclarecimentos e queremos que as coisas não mudem”, explica à TSF Elsa Serra.
Para esta contadora de histórias, as crianças e as famílias serão as mais afetadas com estas alterações.
“Todo este trabalho é feito a pensar nos alunos e nas famílias, por exemplo, o PNL, além de trabalhar com escolas, tem outros projetos fora do local escolar, por exemplo, como o Ler+ dá Saúde, em que alguns médicos de família prescrevem livros às mães, aos pais e às famílias para o desenvolvimento cognitivo. O nosso receio é que se a leitura já está a competir com as tecnologias, se houver menos projetos que apostem na leitura, aquilo que temos conquistado de leitores assusta-nos nesse sentido. Precisamos de incentivar cada vez mais a leitura e que ela não se perca, porque ler é fundamental, porque a leitura une pessoas e porque os livros fazem o que a tecnologia não faz”, considera.
Já na terça-feira, o Ministério da Educação reiterou que quer o Plano Nacional de Leitura, quer a da Rede de Bibliotecas Escolares não vão terminar, garantias essas que não descansam Elsa Serra.
“Se vão entrar noutro organismo, alguma coisa vai ter de mudar”, acredita, questionando: “O que vai mudar e o que prejudica os projetos que já estão a ser desenvolvidos e que foram desenvolvidos ao longo de anos e que têm resultados bons? Que mudanças vão existir?”
“Não acreditamos que seja pra melhor. Estamos muito preocupados porque estes dois projetos correm bem, têm bons resultados e queremos perceber o porquê desta alteração, que não está bem esclarecida e, sobretudo, gostávamos que se mantivesse como está”, sublinha.
O programa da RBE foi criado em 1996 para “instalar e desenvolver bibliotecas em escolas públicas de todos os níveis de ensino, disponibilizando aos utilizadores os recursos necessários à leitura, ao acesso, uso e produção da informação em suporte analógico, eletrónico e digital".
O PNL foi lançado uma década depois como "resposta institucional à preocupação pelos níveis de literacia da população em geral e em particular dos jovens, significativamente inferiores à média europeia", segundo a resolução de Conselho de Ministros que o criou.
