Lixo de plástico transformado em mobiliário? Sim, vai ser possível em Barca d"Alva
Bancos, mesas ou estantes - tudo feito a partir de manterias como tampas de garrafas de plástico.
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Em janeiro, vão surgir em Portugal peças de mobiliário feitas a partir de plástico reciclado. Neste momento estão já a ser criados os protótipos e as primeiras peças servirão para equipar os centros de ciência aberta, escolas e espaços municipais.
São mobílias feitas a partir de lixo, como, por exemplo, as tampas de garrafas de plástico. As plantas dos moldes vão ficar em formato aberto na internet, quem quiser construir reciclando, basta juntar o plástico e depois recorrer a um dos espaços que possuem as máquinas do projeto Precious Plastic, como é o caso da Plataforma de Ciência Aberta de Barca d"Alva.
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Bancos, mesas ou estantes, com design japonês, mas prototipadas em Portugal. "Ter mobiliário feito a partir de material reciclado, a partir de produtos que as pessoas já consideram lixo", explica Maria Inês Vicente, coordenadora científica da Plataforma de Ciência Aberta, que fala connosco ao lado de réguas escolares, cadernos e azulejos de plástico, feitos a partir de tampinhas. Selecionadas por cores, trituradas, derretidas e depois moldadas. Tudo feito por três máquinas e com um investimento reduzido.
"Outra coisa que fizemos, e para isso nem precisamos de máquinas, foi fazer capas de cadernos, criando quase tecidos de plástico, mais grosso, que podem depois ser costurados. Um ferro, uma tábua de engomar e uma máquina de costura podem dar para fazer imensa coisa". Agora, a vontade é chegar mais longe e utilizar as máquinas para fazer mobiliário. "A ideia é podermos ter mobiliário que dê para equipar estes espaços, podem ser centros de ciências, escolas ou espaços ao ar livre, num conceito de design aberto e padrões abertos".
Significa que quem quiser reciclar o plástico que vai reunindo por casa, pode descarregar os moldes na internet e, recorrendo a estes espaços, criar mobiliário. Maria Inês Vicente explica como na reportagem áudio.
Na plataforma de Ciência Aberta, em Barca d"Alva, o projeto de reutilização do plástico já existe há quase dois anos. "Começámos em 2019, com o projeto Figueira Circular, cujo objetivo era transformar lixo em coisas úteis, não queríamos transformar lixo novamente em lixo", explica.
Para incentivar este projeto circular, foi criada uma moeda de troca, o "sustento", para recompensar as pessoas pelo lixo entregue. "Nós recebíamos certas gramas de plástico e, em troca, dávamos sustentos, que permitia às pessoas compras estes novos produtos."
Os produtos fabricados com base no lixo foram identificados como necessários pela população, porque a ideia não é a de transformar lixo em novo lixo, há que utilizar aquilo que é recriado.
Em Barca d"Alva, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, as crianças e as escolas são os principais utilizadores da oficina de transformação de plásticos que, em breve, vai começar a criar peças de mobiliário.