O líder do BE acusou o primeiro-ministro de «não ter qualquer controlo sobre o Orçamento» e de ter «um desvio colossal» de dois mil milhões de euros nas contas públicas para o qual não tem resposta.
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«Quando na sexta-feira passada se cumpriu a política do Governo de retirar o primeiro de dois subsídios e na segunda à noite, do seu telemóvel, publicou no "Facebook' uma nota a dizer estamos bem mais próximos de ultrapassar a crise, o que podemos perguntar é se esta política da Merkel, aplicada "tintim por tintim' em Portugal, não está a destruir a economia e a provocar um colapso, um fracasso, um desvio colossal nas contas orçamentais», interrogou Francisco Louçã.
O coordenador bloquista, que intervinha durante o debate quinzenal, ironizou sobre a execução orçamental: «Faltam dois mil milhões de euros, mas o senhor voltou a chamar-lhe consolidação, o que é espantoso».
«Faltam dois mil milhões de euros e chama-lhe consolidação, ou seja, cumprir estas regras significou asneiras, e é por isso que pergunto se a asneira deve continuar como regra para destruir a Europa e Portugal?», voltou a questionar.
O primeiro-ministro devolveu a questão e sublinhou não partilhar da perspetiva do líder bloquista, porque «qualquer que fosse o contexto europeu, mais favorável ou mais incerto, a economia portuguesa tinha atingido um nível de insustentabilidade bem referenciado no nível de dívida pública e no descontrolo das contas públicas».
«É asneira querer corrigir as contas públicas, é asneira querer por fim a este processo de anos e anos de défices sucessivos que geram mais dívida para os portugueses e impossibilita os bancos de obter financiamento mais favorável, de prosseguir no Estado uma política de defesa de Estado social como o povo merece?», interrogou.
Para o chefe do Governo, «isso não é asneira, é bom senso, em Portugal e em qualquer país».
«Eu não tenho nada contra estas regras, pelo contrário, tenho muito contra a ausência de regras que permitiu que Portugal tivesse chegado à condição de não ter dinheiro para pagar salários, de não ter dinheiro para pensões ou pagar os empréstimos ao exterior para fazer de conta que era rico quando não era, isso sim é que é uma asneira», defendeu Passos.
Durante o debate, Louçã defendeu que o problema da Europa não passa pela falta de regras, mas pela aplicação de políticas de austeridade que dão «asneira» e «não serve para nada».
«Veja, hoje à noite há uma reunião de Merkel e Hollande, não é isso o cumprimento do Tratado de Lisboa que instituiu um diretório? Está a ser cumprido o tratado orçamental, a Espanha tinha um "firewall', pôs na Constituição a regra de ouro, a Espanha já colapsou perante os mercados», notou.
«O senhor fala-nos de consolidação, levanta-se enérgico e diz que agora começámos a corrigir, mas porquê um buraco gigantesco que tem nas contas públicas, derrapagem total, o senhor não tem nenhum controlo sobre o Orçamento, faltam dois mil milhões de euros em contas certas, não controla o défice, não serve para nada, aumentou a dívida para aumentar o défice, aumentou o desemprego para aumentar a dívida», criticou.