"Nestas eleições não há nenhuma surpresa possível, sabe-se bem quem vai ser o vencedor"
Antigo coordenador bloquista alerta para as diferenças entre as características das corridas a Belém em 2016 e 2021.
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Assumida a candidatura de Marisa Matias à Presidência da República pelo Bloco de Esquerda, o antigo coordenador do partido, Francisco Louçã, destaca a "notabilíssima" capacidade de mobilização da candidata, mas alerta que o momento desta candidatura é "bastante diferente" do que se vivia em 2016, quando a eurodeputada conquistou cerca de 10% dos votos na corrida a Belém.
Em declarações à TSF, Louçã - que se confessou um apoiante entusiasta de Marisa Matias em entrevista ao Expresso - assinala que "nestas eleições não há nenhuma surpresa possível, sabe-se bem quem vai ser o vencedor mas, em contrapartida, Portugal vive uma situação de grande incerteza, de medo e de preocupação". E, se em 2016, "saíamos do período de austeridade e havia um otimismo importante na sociedade portuguesa", agora, diz, "há uma vaga de desemprego e de recessão".
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A candidatura da eurodeputada deve, na opinião do economista, "ser chamada a consolidar uma imagem e ideia sobre Portugal", ao mesmo tempo que "contribui para o debate sobre as grandes soluções que, ao longo dos próximos anos, devem ajudar a responder a estas crises estruturantes de um país que tem um Estado fraco, uma liderança social débil, que é vulnerável a uma recessão económica profunda, vulnerável à corrupção e vulnerável a uma democracia frágil".
Sobre a candidata, o antigo coordenador do Bloco destaca a "capacidade eleitoral de mobilização de eleitores descontentes, de eleitores que se abstinham, de eleitores de vários quadrantes políticos e sobretudo de eleitores mais jovens que é notabilíssima".
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Nas últimas eleições, nota, "foi a mulher mais votada numa eleição presidencial em Portugal até agora", algo que, defende, "quem, na verdade, não a conhecia ou não percebeu os sinais que iam sendo construídos pela sua campanha". Em 2021, Marisa Matias "parte já com um reconhecimento maior na sociedade portuguesa e, talvez, para uma situação em que é mais necessário ainda que haja a sua clareza de voz, a sua coragem de combate político e a sua vontade de agregar".
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Os adversários à direita
Sobre os adversários na corrida a Belém, em especial quanto à candidatura da "extrema-direita", Louçã nota que esse é um espaço disputado "com Marcelo" e não com Marisa Matias.
A "candidatura da extrema-direita vive das fragilidades que a direita tem hoje, vive da sua desagregação, vive dos medos que pode criar e o combate de Marisa Matias não é comparar-se com essa candidatura".
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Qual é, então, o combate da eurodeputada? "Criar um espaço importante para que na esquerda portuguesa e luta democrática se possam encontrar palavras verdadeiras, capacidade de comunicação, capacidade de relacionamento, vida democrática, tolerância, respeito e busca de soluções para estes grandes problemas de um país fragilizado. É nisto que pode conseguir uma votação significativa."
Marisa Matias confirmou este sábado à TSF que é candidata às presidenciais de 2021, que vão realizar-se em janeiro, mas remeteu mais pormenores para a apresentação oficial que vai decorrer na próxima quarta-feira.