Líder parlamentar socialista diz que visita do chefe de Estado brasileiro "não deve ser instrumentalizada". PSD afirma que MNE criou "conflito diplomático" e fala numa situação embaraçosa.
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O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, aguarda por informação do Presidente da República sobre a eventual participação de Lula da Silva na sessão solene comemorativa do 25 de Abril. Ouvido no Fórum TSF, Brilhante Dias esclarece que "falta informação pertinente" para que o Parlamento tome uma decisão definitiva. Pessoalmente, o líder parlamentar socialista não tem "nenhuma oposição de princípio, bem pelo contrário."
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"Seria favorável à participação do Presidente Lula numa sessão solene da Assembleia da República", deixando uma ressalva. Quanto à participação na sessão solene do 25 de Abril, nós teremos de ver o histórico, as modalidade e perceber qual é o estado noutra circunstância ou não. Espero que o Presidente da Assembleia, como órgão de soberania, tome a sua decisão."
"A agenda da AR é fixada pelo presidente da Assembleia da República ouvida a conferência de líderes. Neste momento, essa fixação não foi feita e a conferência de líderes terá que deliberar em função da informação do presidente da AR. (...) Temos opinião mas devemos manifestá-la tendo toda a opinião. Responsavelmente ninguém assume uma posição sem ouvir toda a informação pertinente", acrescentou.
Sublinhando que não é a primeira vez que um chefe de Estado discursa no Parlamento, Brilhante Dias alerta que é preciso olhar com atenção "para a forma como os outros órgãos de soberania, com independência da AR, estão a preparar a visita que tem estas datas de 22 a 25 de Abril. E sendo uma visita de Estado, a visita de Estado inclui a receção do chefe de Estado no Parlamento".
O deputado socialista entende que "a visita do presidente Lula não deve ser instrumentalizada para além daquilo que consideramos adequado, lembrando "a relação político-diplomática, económica e social com uma extensão migrante cá e lá e isso é que é o mais importante".
Situação embaraçosa
O PSD afirma que o Governo, em particular, o ministro João Gomes Cravinho, "colocaram-se numa posição, do ponto de vista diplomático, muito difícil". "Se o convite já foi feito ao Presidente Lula, é uma situação um pouco embaraçosa, mas em todo o caso nós mantemos a posição de principio e na sessão solene do 25 de Abril, falam os partidos eleitos presentes no Parlamento e o Presidente da República", afirma Joaquim Miranda Sarmento.
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O líder parlamentar social-democrata defende que o ministro dos Negócios Estrangeiros criou "um incidente diplomático" e defende que Lula deve ser recebido numa sessão solene da AR, mas não no 25 de Abril.
Já a Iniciativa Liberal rejeita a ideia de que Lula deve discursar na AR durante a sessão comemorativa da revolução dos cravos, ameaçando mesmo deixar a bancada se tal acontecer. Em declarações ao Fórum TSF, o deputado Rodrigo Saraiva, prefere que essa participação do chefe de Estado brasileiro seja feita noutra sessão fora do 25 de Abril.
Quanto ao Chega, o partido liderado por André Ventura, é totalmente contra. Entende que Lula só deve falar no Parlamento noutro momento que não a sessão comemorativa do Dia da Liberdade. "Sairemos da AR, como já saímos. Já levantámos cartazes como foi a vergonha da impunidade dada à deputada Catarina Martins e não nos calaremos enquanto a razão estiver do nosso lado. Vão ter sempre o confronto direto do Chega em relação ao discurso do Presidente Lula na sessão do 25 de Abril", promete o deputado Pedro Pinto.
Esquerda concorda
Do lado do PCP, a deputada Paula Santos e o partido, não veem qualquer problema ma participação de Lula na sessão comemorativa. "A solução em concreto para esse momento, creio que há várias hipóteses, essa é uma, mas também outras solenes", explica a deputada comunista, acrescentando que "não há uma oposição."
Já o BE prefere esperar pelo debate na conferência de líderes. Contudo, Pedro Filipe Soares lembra que há lutas em comum entre ambos os países. "A história dos nossos povos está ligada, não só num passado mas longínquo, mas também num passado mais recente, na luta pela liberdade. Esse simbolismo seria perfeitamente adequado para a participação do Presidente Lula no 25 de Abril", diz Pedro Filipe Soares.