"Má prática." Chega queria "condenar" PCP pela posição sobre a guerra, mas deputados rejeitaram
Deputados vão tentar "consenso" sobre votos de condenação à Rússia, com o PCP. Paula Santos defendeu que "é inaceitável" um voto de condenação a um grupo parlamentar.
Corpo do artigo
Os deputados rejeitaram um voto de condenação ao PCP, apresentado pelo Chega, por considerarem que é uma "má prática" os grupos parlamentares criticarem as posições dos restantes grupos parlamentares. O partido de André Ventura queria "condenar" os comunistas pela postura "ambígua" sobre o conflito na Ucrânia.
A proposta acabou chumbada, na comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, com o voto a favor do Chega e as abstenções do PSD e da IL. O PS, pela voz do deputado Paulo Pisco, admitiu que "discorda da posição dos comunistas", mas apontou o dedo ao Chega que "procura condenar posições legítimas".
Na discussão do projeto, a deputada Paula Santos, do PCP, defendeu que "é inaceitável" um voto de condenação a um grupo parlamentar na Assembleia da República (AR), e lembrou que o partido "sempre primou pelos valores da liberdade e democracia".
14739788
A líder parlamentar comunista acrescentou que o PCP "assumirá sempre as suas posições, que entende como corretas", e sobre a condenação da guerra não vê ambiguidades: "Sempre do lado da paz, e contra a escalada da guerra".
Já o Bloco de Esquerda notou que o projeto do Chega, a ser aprovado, abriria um precedente, com José Soeiro a afirmar que os deputados "podiam votar todos os dias projetos de condenação aos grupos parlamentares" por discordarem da visão dos restantes partidos.
PCP junta-se a grupo de trabalho para condenar a guerra
A comissão liderada pelo socialista Sérgio Sousa Pinto, que se reuniu pela primeira vez na nova legislatura, apreciou ainda oito projetos para condenar o massacre de Bucha. Os partidos vão tentar encontrar um texto comum, para ir a votação na AR, que conta com a participação do PCP.
Os deputados notaram que "seis dos votos eram unânimes", notando "algumas dúvidas" no projeto do PCP, mas a deputada comunista Paula Santos fez questão de participar, igualmente, no grupo de trabalho para chegar a um texto comum.
O presidente da comissão propôs a votação em separado do projeto dos comunistas, mas a deputada do PCP deixou explícito que queria participar no grupo de trabalho com os restantes partidos. Sérgio Sousa Pinto acedeu, mas deixou claro que, dessa forma, "será difícil" chegar a um consenso.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, deu entrada com um projeto de resolução para "declarar Vladimir Putin como responsável por crimes de guerra", mas faltou à comissão, adiando a votação do projeto do partido.
14744126
Rui Tavares já tinha explicado, em declarações à TSF, no primeiro dia da legislatura, que o Livre ia apresentar um projeto de resolução para que a Assembleia da República "declare Vladimir Putin responsável por crimes de guerra, e que Portugal participe na investigação junto do tribunal penal".
A Ucrânia acusou mesmo a Rússia de "genocídio", alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kiev recentemente recapturada das forças de Moscovo. De acordo com as autoridades, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, em Bucha, a noroeste de Kiev.